19/03/2015 08h36 - Atualizado em 19/03/2015 08h36
Ecoponto acumula galhos e gera inúmeros desconfortos à vizinhança
Flávio Verão
O ecoponto para depósito de galhos no Parque do Lago II, na Rua Lindalva Marques Ferreira, tem trazido transtornos para moradores que moram na região. Destinado para receber podas de jardinagem, galhos e troncos de árvores, o espaço, conforme denúncia dos próprios moradores, demora para receber limpeza e com acúmulo do material orgânico tem proliferado a criação de aranhas, escorpiões e outros animais peçonhentos.
Outro grande problema é a queima dos galhos. A última ocorreu na segunda-feira à noite. O fogaréu atingiu cerca de 10 metros de altura e a fumaça invadiu residências até no dia seguinte, quando as chamas foram apagadas por volta das 9h, por um caminhão pipa da prefeitura. A doméstica Maria Ramos de Souza passou apuros com a filha de 9 anos, que sofre de bronquite. Ela trancou portas e janelas por 24 horas e deixou a garota dentro de casa. “Há mais de dois anos sofremos com fumaça e insetos. Na segunda-feira achei que o fogo fosse atingir as casas de tão alto que estava. Ficamos apavoradas”, disse ela. Maria mora de frente ao ecoponto.
Vizinhos estão desolados com o problema, tanto que casas já foram vendidas. O aposentado Antônio Moisés de Souza também passou momentos de sufoco na noite de segunda-feira e madrugada de terça, por causa do fogo e fumaça. A esposa dele, Marilda, também sofre de problemas respiratórios. “Foi desesperador porque a fumaça entrava em casa e não tinha o que fazer. Quando isso acontece durante o dia a gente vai para a casa de parentes, mas na madrugada não tem jeito”, disse ele.
O Corpo de Bombeiros chegou a passar pelo local, na noite de segunda, mas as chamas não foram combatidas, segundo o aposentado. “Não sabemos quem coloca fogo, até porque o ecoponto é aberto e qualquer um entra no local. Mas o problema não é só isso. Quando não tem fogo, tem escorpiões e cobras que entram na casa da gente. Esses galhos ficam acumulados por meses e viram criadouros de insetos”, critica.
A reportagem esteve no local, na manhã de anteontem, e constatou que havia muito material orgânico, grande parte queimado. Os troncos de árvores são cortados e empilhados separadamente, tornando-se potenciais criadouros de peçonhentos. Um vizinho foi flagrado, inclusive, ateando fogo no capim seco que invadiu o espaço da calçada ao lado ecoponto.
De acordo com o secretário de Serviços Urbanos Marcio Wagner Katayama, a limpeza no ecoponto é feita a cada dois dias. “Precisamos dos galhos com a folha verde, pois eles são levados ao picadeiro no Parque das Nações, onde são transformados em adubação”, explica. Márcio acredita que o fogo se alastrou em tocos que permaneceram no ecoponto, bem como de folhas que acabam ficando para trás. No entanto, a reportagem constatou que havia muito galho no local no dia do incêndio e grande parte não era “verde”.
Os troncos das árvores, segundo o secretário, são encaminhados à aldeia indígena ou são recolhidos pela população no local, para utilizá-los como lenha, tanto em casa como em empresas. Ele ainda informou que uma equipe fará a remoção dos tocos para que não virem criadouros de animais peçonhentos.
Além dos ecopontos do Parque do Lago II e do Parque das Nações I, próximo ao túnel, conhecido também como viveiro municipal, Dourados possui um terceiro local destinado a descarte de galhos, localizado na Via Parque, na Vila Cachoeirinha. Há também um local destinado a receber pneus, num barracão às margens da BR-463, próximo ao trevo da bandeira.