19/03/2015 11h28
A safra canavieira de 2015/16 começou mais cedo no Centro-Sul, segundo informou, dia (11), a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) em relatório quinzenal de acompanhamento de safra.
Segundo dados da entidade, no acumulado da segunda quinzena de fevereiro, foram moídas 293,3 mil toneladas de cana, o que resultou na produção de 2,5 mil toneladas de açúcar e 14,5 milhões de litros de etanol hidratado. Não houve produção de etanol anidro.
Este início é reflexo do trabalho de seis usinas com a cana bisada, que fica no campo de uma safra para outra.
Embora a moagem de cana neste ciclo tenha iniciado mais cedo no Centro-Sul, a expectativa do mercado é que boa parte das usinas comece a esmagar a matéria-prima apenas em abril.
“A maioria das usinas vai tentar começar a moer na primeira quinzena de abril. A minha percepção é que 60 ou 70% das usinas de São Paulo vão começar a esmagar cana neste período”, disse, por telefone, o analista de açúcar da FCStone, João Paulo Botelho.
Em entrevista ao jornal Valor Econômico, o diretor técnico da Unica, Antônio Pádua Rodrigues, acredita que a moagem mais intensa pode demorar um pouco mais. A “visão que se tem neste momento é a que a cana não estará em ponto de colheita no início de abril”.
Segundo estimativas da consultoria inglesa Czarnikow, no ano passado, 153 usinas começaram a moer cana em 15 de abril. Para este ano, no entanto, a expectativa é que ao menos 170 unidades — 61% da moagem no Centro-Sul — comecem a operar no Centro-Sul até o mesmo período.
A gerente de análise de mercado da Czarnikow Brasil, Ana Carolina Ferraz, vê as chuvas de março e abril como o principal ponto de interrogação no momento.
“Estamos bastante preocupados com o clima. Março tem sido um mês muito chuvoso. Se esta tendência permanecer em abril, poderemos ter um início de moagem mais tardio para muitas usinas”, disse a executiva.
E pondera que “o preço do hidratado e a pressão sobre o caixa das usinas neste período de entressafra mais longo poderão incentivar as usinas do Centro-Sul a moer cana mais cedo”.
Botelho e Ana concordam que a entressafra mais longa está pressionando o caixa das usinas e podem forçar a antecipação da moagem.
“Embora uma parte do setor tenha etanol estocado, uma parte das usinas não está nesta situação. Há muitas usinas que estão precisando de caixa.
Elas venderam sua produção de 2014 em 2014 e estão na entressafra consumindo recursos que muitas delas não têm.
Com o acesso restrito ao crédito, muitas usinas precisam moer para gerar receita, o que as leva a adiantar a safra, mesmo que isso signifique colher cana com uma qualidade não tão boa. É um trade off muito arriscado”, ponderou Botelho.
Entre as desvantagens de começar o corte da matéria-prima mais cedo está a menor quantidade de ATR.
Com as usinas consumindo parte do canavial que ficaria melhor nos próximos meses, o período de amadurecimento é mais precoce. “Moer agora poderá resultar numa perda de ATR”, analisou Botelho.
Até agora, boa parte das estimativas do setor para a safra 2015/16 indicam uma moagem superior aos 570 milhões de toneladas de cana registrados em 2014/15.
A Job Economia e Planejamento, por exemplo, estima um crescimento de 2,5% para 585 milhões de toneladas, número semelhante aos 584 milhões projetados pela Datagro.
FCStone e Czarnikow, por sua vez, esperam uma moagem de 571 e 570 a 590 milhões de toneladas, respectivamente. (novaCana.com)