23/03/2015 07h12 - Atualizado em 23/03/2015 07h12
Willams Araújo
O quadro de incertezas diante da escassez de lideranças políticas de peso e o dilema administrativo que vive Campo Grande desde o processo de impeachment do prefeito Alcides Bernal (PP), acabaram atraindo o interesse de candidatos do interior que pensam em arriscar a sorte nas eleições municipais do ano que vem na Capital.
Como o ex-governador André Puccinelli (PMDB) garante não participar da sucessão do prefeito Gilmar Olarte (sem partido), pelo menos dois deputados estaduais com base no interior pensam em transferir o domicilio eleitoral – Mara Caseiro (PTdoB), de Eldorado; e Felipe Orro (PDT), de Aquidauana.
Eles já manifestaram publicamente o desejo de disputar a prefeitura em 2016, a exemplo dos colegas Marquinhos Trad e Antonieta Amorim, ambos do PMDB, partido que dispõe de outras opções, como o deputado federal Carlos Marun e os vereadores Paulo Siufi e Mário Cesar.
Aliás, a migração de candidatos do interior para a Capital é antiga e revela projetos vitoriosos, como é o caso do próprio André Puccinelli, que trocou a pacata cidade de Fátima do Sul para ser prefeito pela primeira em 1996, quando derrotou o então deputado estadual Zeca do PT por apenas 411 votos.
O nome de Mara Caseiro vem sendo lembrado dentro do PTdoB para postular o cargo desde o ano passado. No entanto, a sua participação no processo eleitoral ainda é incerta, uma vez que a notícia sobre o seu interesse provocou reações contrárias em seu próprio reduto eleitoral.
À imprensa, Mara Caseiro alardeou o desejo de enfrentar as urnas no maior colégio eleitoral sul-mato-grossense por entender que atualmente há um equilíbrio de forças, ou seja, não deve ter a participação de grandes favoritos, como no passado. Ela, no entanto, acha que não é interessante no momento apontar nomes no PTdoB, que dispõe de outras opções, como o nome do deputado Márcio Fernandes.
“O poder político-administrativo em Campo Grande não tem mais caciques. Com isso, nomes e partidos estão, em princípio, num mesmo nível de possibilidades”, teria declarado recentemente a deputada a um site de notícias do interior.
A posição do partido sobre sua participação no processo sucessório da Capital deve voltar a ser discutida no próximo dia 30, durante reunião do diretório regional.
“Os nomes são levantados naturalmente, mas no momento isso não é o mais importante. Primeiro precisamos ouvir bem as forças do partido e da sociedade, identificar qual o programa e quais as demandas que o povo deseja priorizar”, sugere.
IMBATÍVEIS
Sob a justificativa de que no momento não há políticos imbatíveis na Capital e que por conta disso abre-se espaço para novas lideranças, Felipe Orro decidiu transferir trocar seu domicílio eleitoral.
“Vou me colocar como pré-candidato e abrir este debate. Com exceção do ex-governador André Puccinelli, não existe hoje, no meu ponto de vista, alguém que se destaque. Como se diz na gíria, é todo mundo japonês”, acrescentou, lembrando da crise provocada pela cassação do mandato de Alcides Bernal e das dificuldades enfrentadas por Olarte, que na semana passada teve pedido de cassação de seu mandato.
O movimento intitulado “S.O.S. Cultura” solicitou, durante a sessão de quinta-feira (19) da Câmara de Vereadores, a cassação do mandato do prefeito alegando uma série de irregularidades, como inadimplência referente a apresentações culturais contratadas pelo município, não aplicação de 1% do orçamento do município na cultura e não destinação dos recursos do FMIC (Fundo Municipal de Cultura).