Dourados
17/04/2015 08h59
Redação Douradosagora
Sem recursos para pagar fornecedores, o Hospital do Câncer de Dourados dispensou pacientes, esta manhã. Segundo o médico oncologista Roberto de Arruda Almeida, o Hospital Evangélico deixou de fazer os repasses e faltam medicamentos para quem necessita de tratamento em quimioterapia. O dinheiro existe, foi repassado pelo SUS e convênios mas, segundo a administração, não chegou até o HC.
Almeida disse há pouco, em entrevista ao jornal Douradosagora que eles estão de 'mãos amarradas', sem saída. O HC já tem uma dívida de R$ 300 mil para com os fornecedores, a maioria de São Paulo, que não vão entregar nenhum fármaco sem que o Hospital do Câncer, antes, quite o montante.
Na entrada do Hospital do Câncer de Dourados, um bilhete da direção fixado na porta de blindex, anuncia o caos: "Pacientes de quimioterapia terão seus tratamentos suspensos a partir do dia 17/04/2015 por falta de medicação devido ao atraso de repasses do Hospital Evangélico", diz a placa.
Segundo a administração do HC, só hoje pela manhã, cerca de 30 pacientes foram dispensados. A maioria, sem voz ativa, segundo médico, diz que vai esperar em casa. Outros, um pequeno percentual, afirma que vai buscar os direitos, junto à Defensoria Pública ou na Promotoria; alguns procuraram a imprensa.
De acordo com o oncologista, é a direção do Hospital Evangélico quem deve responder pela situação. "Eles alegam que não têm dinheiro", conta o médico que, juntamente com demais funcionários do HC, amargam a tarefa de dizer aos pacientes que não terão os medicamentos, tanto via oral quanto intravenosa, para prosseguirem com o tratamento em quimioterapia. O jornal Douradosagora tentou falar com a direção do HE, esta manhã, mas ninguém atendeu.
O Hospital do Câncer atende cerca de 1.200 pacientes de Dourados e mais 37 municípios da macrorregião. A partir da semana que vem, pelo menos uma centena deles ficarão sem suporte para o tratamento já que, mesmo pagando hoje - caso o Evangélico repasse os valores - demoraria pelo menos 48 horas para as empresas enviarem as remessas do medicamentos para os pacientes de câncer de Dourados e região.
Conforme noticiou o jornal Douradosagora, funcionários do Hospital Evangélico também denunciam atrasos nos pagamentos dos salários, caso frequente segundo eles, que não descartam paralisação.
O Ministério Público do Trabalho anunciou que vai ingressar com ação civil pedindo o bloqueio de todos os repasses federais que forem enviados para a conta do Fundo Municipal de Saúde. A medida visa garantir pagamentos, inclusive dos servidores do Hospital Evangélico que estariam com os salários atrasados. Caso deferida a ordem de bloqueio na justiça, a Associação Beneficente de Dourados passará a folha salarial dos empregados para o gestor municipal realizar os pagamentos em atraso.
Na reunião com o MPT, o superintendente da Associação Beneficente Douradense Eliezer Soares explicou que a Associação recebe mensalmente a título de repasse da União, Fundo Nacional de Saúde (FNS), o valor de R$ 1,5 milhão pela produtividade de serviços prestados ao SUS, deste valor é reduzido R$ 679 mil destinado ao empréstimo Caixa Hospitais, sobrando R$ 821 mil.
Além deste, ainda recebe da União, a título de IAC (Incentivo à Contratualização) o valor de R$ 91 mil. Somados os valores, a quantia destinada à conta do hospital é de R$ 912 mil. As verbas são transferidas do Fundo Municipal de Saúde de Dourados, que por fim, é o responsável pelo repasse ao Hospital Evangélico.
O Secretário Sebastião Nogueira contesta as informações dizendo que os valores de R$ 1,5 milhão, que sempre são pagos entre os dias 10 e 15 de todos os meses são referentes ao serviço de alta complexidade e nada tem a ver com pagamentos de funcionários do HE, que devem ser pagos pelo hospital. Diz que o HE tenta empurrar para a Prefeitura uma responsabilidade que ela não tem.
