24/04/2015 06h51
Paralisação por tempo indeterminado fecha saída de Dourados para cargas, no trevo da Bandeira. Passam apenas carros particulares, transporte coletivo e outros serviços
Maria Lucia Tolouei
Deflagrada greve no setor de transportes em Dourados. A barreira acontece no Trevo da Bandeira, que dá acesso ao sul do Estado, Capital e fronteira. Até agora, o movimento é normal nas rodovias federais BR-163 e 463 já que os grevistas não estão trancando as pistas nem tampouco impedindo a passagem de outros veículos.
O empresário Evandro César Salomão, da Coopersul, disse em entrevista ao jornal Douradosagora que os caminhoneiros que tentam deixar a cidade com cargas (a maioria grãos, farelos, verduras e combustíveis) estão sendo orientados a retornarem para as bases. "Não estamos deixando passar nenhum veículo pesado, exceto ambulâncias, polícia, ônibus e carros pequenos", assegura Salomão. Segundo ele, a greve no setor é por tempo indeterminado.
Desta vez, eles não querem deixar as carretas paradas na estrada nem fornecerão alimentos aos caminhoneiros, que devem optar por voltar para casa. No entanto, o movimento pede a colaboração de quem puder doar água potável e lanche para o pessoal que comanda o movimento na trevo localizado na saída de Dourados, final da rua Hayel Bon Faker. Salomão diz que, além de Dourados, devem aderir à paralisação, Campo Grande, Naviraí, Ivinhema e Nova Andradina.
A luta dos transportadores é pelo frete mínimo. "Não dá para trabalhar assim, melhor ficar parado", comenta Salomão. "Há 15 dias, o frete entre Dourados e Porto de Santos era de R$ 150,00 a tonelada de carga. Acrescido ao pedágio somava R$ 170,00. Hoje, o mesmo frete sai por R$ 120,00 que, com o pedágio dá R$ 140,00. Mais dez dias e o frete vai despencar para R$ 100,00", calcula Evandro César Salomão.
Segundo ele, um caminhão bitrem de sete eixos, para ir daqui a Santos e voltar, consome R$ 1.620,00 só de pedágio. A defasagem é tanta no preço do frete que, juntamente com essa taxa, torna inviável o setor.
Salomão também lembra que o ICMS em Mato Grosso do Sul ainda é o mais caro, 17%, enquanto em outros Estados é de R$ 12%. Os empresários de MS lutam pela redução a este menor percentual.
O diesel também consome a margem de lucro. Hoje o litro do diesel, a R$ 3,10, começa inviabilizar o negócio de transportes de carga no país. "As coisas vão piorar porque, sem o subsídio anunciado pelo Governo Federal, daqui a seis meses, vai ter outra alta e o diesel vai passar de R$ 3,50 o litro", diz Salomão.