24/04/2015 07h17
fotos - Marcos Ribeiro
Valéria Araújo
Obras de rebaixamento nos canteiros centrais estão gerando risco de morte iminente de árvores históricas, plantadas há mais de 40 anos, em Dourados. Além disso, os trabalhos concentrados nas avenidas Weimar Gonçalves Torres e Presidente Vargas podem culminar na queda dessas árvores e possíveis acidentes no trânsito já que as raízes, que sustentam as dezenas de sibipirunas, mangubas e ipês, ao longo das avenidas, estão sendo retiradas, em parte. Muitas chegam a ficar expostas.
Somente nos últimos dois dias, a redação recebeu mais de 20 ligações de pessoas preocupadas com a situação. Alguns dos principais técnicos na área em Dourados, avaliam que os danos são tão significativos que estas plantas podem cair a qualquer momento diante de uma ventania mais forte.
A doutora em Ecologia pela Unicamp, Maria Eugênia Amaral, explica que sem sustentação, já que as raízes foram expostas, será muito difícil manter estas árvores. Outro problema, são os microorganismos que entram pela base e podem adoecer a planta. A doutora explica que todo o trabalho em volta destas não deveria ter sido feito por maquinários, mas sim com trabalhadores que deveriam manter o devido cuidado com as espécies. Segundo ela, é necessário a interrupção urgente da forma como está sendo realizado este trabalho para evitar os danos em outras árvores.
O doutor em engenharia florestal, Claudio Arcanjo, analisa que Dourados passa por um momento de retrocesso devido a retirada descontrolada de árvores, por parte da população. “Muitos comerciantes cortam as árvores para dar visibilidade à fachada de sua empresa. Utilizam o argumento de que as árvores estavam velhas e arriscavam cair, o que nem sempre é verdade. Como não há punição, eles são incentivados”, destaca.
Segundo o professor, a partir de agora será necessário monitorar o crescimento desas árvores para evitar prejuízos maiores como quedas e acidentes. Ele também considera importante a criação de um plano de manejo que acompanhe as características de cada espécie. “Dourados é uma das cidades mais arborizadas do país mas a população ainda não reconhece a importância que tem estas plantas. Hoje vejo muito mais cortes do que plantios”, destaca.
O mestre em meio ambiente e desenvolvimento regional diz que situação deve ser analisada com atenção. “Uma árvore de médio ou grande porte que estiver com as raízes expostas não pode simplesmente ser coberta com terra, por máquinas. Não se trata apena de uma ação paliativa. É preciso uma avaliação técnica pra saber se ela não ficou ainda mais vulnerável do que antes antes, já que as raízes estão cortadas e praticamente sem contato mais profundo com o solo”, destaca.
O ambientalista Romem Barleta considera uma “maquiagem” o que estão fazendo, principalmente na Avenida Presidente Vargas. “As raízes foram todas danificadas e os trabalhadores jogaram terra e plantou grama por cima. É um atentado ao meio ambiente”, disse.
A redação apurou que as obras de rebaixamento teriam como finalidade buscar a acessibilidade, já que os altos canteiros estariam prejudicando os transeuntes. Outro motivo seria para garantir que a limpeza nas avenidas já que altos, os canteiros jogavam terra no asfalto quando chovia. O Jornal entrou em contato com a Assessoria de Comunicação da Prefeitura que ficou de retornar contato, o que não ocorreu até o fechamento desta edição.