15/05/2015 09h28
Os produtores mundiais estão em alerta ante a possibilidade de transformações no clima, provavelmente variando de chuvas intensas na América do Sul à secas no sudeste asiático, após meteorologistas anunciarem o primeiro El Niño em cinco anos.
A Agência Meteorológica do Japão disse que um padrão climático surgiu na primavera e é provável que o mesmo continue no outono.
A declaração veio minutos depois do Escritório de Meteorologia da Austrália ter dito que “o Oceano Pacífico Tropical está nos estágios iniciais do El Niño”. Anteriormente o escritório já havia advertido que as chances do surgimento de um padrão climático era o triplo de taxas normais.
Um monitoramento chave do fenômeno foi “elevado para o status de El Niño”.
Indicadores chave do fenômeno climático, que estão relacionados com as temperaturas mais elevadas que o normal nas águas do Pacífico, “têm mostrado uma tendência constante para níveis de El Niño desde o início do ano”, disse o Escritório de Meteorologia da Austrália.
“Modelos internacionais de clima pesquisados pelo escritório indicam que as temperaturas do Oceano Pacífico Tropical provavelmente permanecerão acima dos limites do El Niño pela chegada do inverno no [hemisfério] sul e [durará] até pelo menos a primavera”.
O mundo ficou em alerta diante da possibilidade do El Niño no ano passado, e embora ele nunca tenha se desenvolvido completamente, algumas versões leves dos padrões climáticos típicos do evento surgiram, com seca no sudeste asiático no começo de 2015, o que causou certa desaceleração na produção de óleo de palma.
No entanto, o amadurecimento completo do El Niño provavelmente traria efeitos mais significativos.
No mês passado a Somar informou que o clima brasileiro ainda não foi influenciado pelo aquecimento do Pacífico Equatorial.
Partes do Rio Grande do Sul, por exemplo, vêm passando por um processo de seca desde meados de fevereiro, algo que não é comum quando o Estado está sob influência do fenômeno.
Percebe-se que, apesar do aquecimento do Pacífico Equatorial Central, outras áreas deste oceano, como a região Equatorial Leste, têm uma influência maior sobre o clima brasileiro.
Tanto que há uma coincidência entre uma diminuição da temperatura desta área do Pacífico, chamado de "Niño 1+2", e o enfraquecimento da chuva na Região Sul do Brasil.
Atualmente, a região do "Niño 1+2" voltou a esquentar, algo que deverá favorecer o retorno da chuva mais intensa à Região Sul e Estados próximos a partir de maio.
De acordo com as simulações da empresa, todo o Pacífico Equatorial ficará mais quente que o normal até aproximadamente julho de 2015. Entretanto, a Somar chama atenção para o segundo semestre, quando há indicativos de nova queda da temperatura da água do "Niño 1+2", algo que deverá resultar em distribuição de chuva e temperatura diferente do que estamos acostumados quando o Brasil está sob influência de um El Niño clássico.
Portanto, conclui a Somar, até existe um aquecimento do Pacífico em curso e um anúncio de um fenômeno El Niño feito por órgãos internacionais, mas recomendamos cautela com a correlação direta dos efeitos deste fenômeno no clima do Brasil.
Até o momento, os efeitos não apareceram. Eles até aparecerão nos próximos meses, mas por um período curto, entre o fim do outono e parte do inverno de 2015.
As análises do Climatempo indicam situação semelhante, com um fenômeno leve e de curta duração.
(novaCana.com / Somar e Climatempo)