02/06/2015 10h44 - Atualizado em 02/06/2015 10h44
Flávio Verão
Pôr em prática aquilo que sempre é colocado no papel. Na semana do meio ambiente, a comunidade da escola municipal Neil Fioravante, o CAIC, volta a chamar a atenção sobre o córrego Paragem. Amanhã, estudantes e professores vão cobrar da prefeitura de Dourados um posicionamento sobre o futuro do córrego, um dos três que passa dentro da cidade, mas o único com condições de ser protegido. Os outros dois córregos - Água Boa e Rego D’água - estão ladeados de residências e consequentemente mais poluídos.
O Instituto do Meio Ambiente de Dourados (Imam) tem um projeto onde propõe a criação de um parque no entorno córrego Paragem. A comunidade escolar acompanhou a criação do trabalho, feito em 2011, na atual gestão, e agora cobra iniciativa para tirá-lo do papel. “Algo tem que ser feito porque se não vamos perder o único córrego que resta ser protegido”, diz o geógrafo João Vanderley Azavedo, professor do CAIC.
Nesta quarta-feira (3) a escola realiza a 13ª Caminhada da Preservação Ambiental, onde chamará atenção ao Paragem. Por volta das 7h30 cerca de 800 alunos e professores vão marchar da escola, localizado no bairro Parque Nova Dourados, até a Prefeitura, onde será apresentado, no pátio, um teatro por alunos do 8º ano, contando a trajetória do córrego nos últimos 20 anos. A proposta é chamar a atenção do poder público e da sociedade.
O projeto de proteção do córrego, engavetado no Imam, segundo João Vanderley, traz como meta cercar todo o entorno do Paragem, desde a sua nascente, localizada no interior do Parque Arnulpho Fioravanti, aos fundos shopping, até o encontro com o córrego Água Boa (nascente no Parque Antenor Martins, no jardim Flórida). Após o encontro, ambos deságuam no Rio Dourados.
O fechamento do Paragem proporcionaria que o espaço virasse um parque ambiental, com extensão da área central até a saída da cidade. “Essa é a ideia inicial, que visa proteger o córrego. Posteriormente poderia ser criado espaço de lazer, por exemplo, como outros projetos”, explica o geógrafo. A escola CAIC sempre trabalhou com os alunos temáticas voltadas ao meio ambiente e durante trabalhos experimentais identificou poluição no córrego, como descarte de resíduos químicos, como óleo. Resíduos sólidos, como objetos em geral é fácil de perceber às margens dos três córregos urbanos da cidade.
A professora de Ciências Carmem Carvalheiro iniciou em 2001 na escola o projeto “Garça Branca”, voltado ao meio ambiente e preservação ao patrimônio público. Dois anos depois iniciou a caminhada, trabalhos que renderam frutos e hoje os alunos são multiplicadores de ações ambientais, como explica a estudante Shelli, do 9º ano. “Na escola já fazemos a nossa parte e a caminhada vem para fortalecer o trabalho que já desenvolvemos, porém nosso objetivo é chamar a atenção da sociedade", disse ela.
A vice-diretora do CAIC, Sonia Vasconcelos, mora próximo à escola e presencia o despejo de lixo no entorno do córrego, que passa a duzentos metros do CAIC. Ela conta que esse problema é antigo e a população joga de tudo, desde animais mortos a restos de materiais de construção, mobílias. A prefeitura limpa às margens do córrego, no entanto, em menos de uma semana volta a ficar lotado de lixo.