25/06/2015 08h05 - Atualizado em 25/06/2015 08h05
Indígenas Guarani e Kaiowá do tekoha Guaivyry, localizado no cone sul do Mato Grosso do Sul, retomaram na madrugada de ontem, duas áreas reivindicas pela comunidade. As retomadas têm como principal motivação a recente decisão da Justiça Federal, que negou o pedido de danos morais coletivos contra proprietário da empresa de segurança Gaspem
De acordo com o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), homens armados passaram a fazer disparos sobre os acampamentos dos Guarani e Kaiowá do Guaivyry que também protestam contra a morosidade das demarcações.
Nas áreas retomadas pelos indígenas estão duas fazendas que fazem divisa com o local onde estão instalados os indígenas e foi cenário do assassinato do líder indígena Nísio Gomes. As propriedades fazem divisa também com a área onde houve um ataque de 2011, e outra, apontada pelos Guarani e Kaiowá como o lugar da articulação de todo o ataque que acabou no assassinato de Nísio.
O Cimi garante que a entrada dos indígenas nas áreas foi pacífica. Nas fazendas estavam os caseiros, que foram liberados, na manhã de ontem, a voltar para retirar pertences. Servidores da Fundação Nacional do Índio (Funai) estiveram nos acampamentos das retomadas depois de comunicados pelos Guarani e Kaiowá da ação.
Os indígenas solicitaram a presença da Polícia Federal e do órgão indigenista no momento em que os fazendeiros aparecessem para retirar pertences.
Os servidores da Funai saíram das áreas retomadas e se dirigiram para a sede da Polícia Federal em Ponta Porã, divisa com Pedro Juan Caballero, Departamento de Amambay, Paraguai. O procedimento é protocolar: a Funai pede diligências da Polícia Federal em situações de retomadas.
Nesta terça-feira, o ministro da Justiça José Eduardo Cardozo, em entrevista a Agência Brasil leia aqui, afirmou que de fato a violência contra os povos indígenas aumentou no último período, mas que o governo brasileiro vem tentando mediar os conflitos e que não paralisou as demarcações de terras indígenas.
No começo dessa semana, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) divulgou um minucioso relatório recomendando ao governo brasileiro que demarque as terras indígenas no Mato Grosso do Sul como única solução para o conflito agrário no estado, além de fazer uma série de recomendações ao Poder Judiciário.