15/07/2015 13h49 - Atualizado em 15/07/2015 13h49
Flávio Verão
A Vila Valderez e a Vila Marina em Dourados vem perdendo a fama de bairros violentos. Embora a região seja carente e a comunidade padece de acesso ao lazer, cultura, muita coisa mudou de uns anos para cá, graças ao trabalho de voluntários em ações que beneficiam moradores, muitos dos quais passam dificuldade para colocar comida na mesa.
A presidente da associação dos moradores da Vila Valderez, a gari Valéria Maria Manzato, 49 anos, diz que as ações desenvolvidas por entidades têm feito a diferença. “Éramos esquecidos. Agora a nossa associação sempre tem atividades para os moradores”, afirma.
Os trabalhos começaram em 2009 e aos poucos foi crescendo e hoje os moradores são atendidos com projetos que muito contribuem para as famílias. Um deles é o sopão oferecido aos domingos. Mais de 150 crianças e 40 mulheres comparecem na associação. O trabalho se inicia com café da manhã, seguido de palestra para mães, evangelização e almoço. Ao final cada mãe leva sopa para casa. Universidades, projeto Mesa Brasil do Sesc, comerciantes, Rotarys e instituições religiosas são alguns dos realizadores das ações.
Também na associação são feitos sabão caseiro com a participação de pelo menos 200 mulheres e desenvolvido o projeto “Salão de beleza”. Nele, cada mulher se transforma em manicura e pedicura e cuida uma das outras. Vira também cabeleireira. Muitas já fizeram cursos e repassam o que aprenderam para as outras. Os produtos utilizados são doados pela sociedade.
Festas tradicionais como Páscoa, Dia das Crianças, Natal deixaram de passar em branco na Vila Valderez e Vila Mariana. Um mutirão de pessoas ajuda a comunidade com doações de presentes e de gêneros alimentícios para as festas. Mais de mil pessoas comparecem nas comemorações, feitas na associação, um pequeno barracão muito simples, bem como na rua.
O comandante da Polícia Militar em Dourados, o tenente coronel Carlos Silva, confirma a redução da criminalidade na região da Vila Valderez. Segundo ele, a população está mais consciente e passou a fazer mais denúncias, principalmente em casos suspeitos. “Isso tem garantido prevenção de crimes e traz grandes resultados para comunidade”, diz o comandante. A PM também intensificou rondas ali.
As ruas de terra dos bairros ainda abrigam muitas crianças que passam o contraturno da escola se divertindo com os amigos. Há um grande número de adolescentes que abandonaram às salas de aulas e com esse público um grupo de voluntários se organiza para levar ações do interesse deles, bem como projetos que possam inseri-los no mercado de trabalho.
No final de semana passada foram entregues na associação roupas para comunidade, ação que se repete ao longo do ano. Já os moradores em vulnerabilidade recebem cesta básica quando há doadores. Embora a realidade da região tenha melhorado nos últimos anos, a presença de barracos com famílias em situação sub-humana na região ainda é grande.
Animais
Outro projeto é o de castração de animais, realizado pelo Centro de Controle de Zoonoses (CCZ). Por mês cerca de 60 animais são castrados em Dourados. Segundo Valéria Manzato, era comum ver animais soltos pelas ruas. “Era perigoso, pois havia cães bravos. Hoje a situação melhorou”, afirma. Ela é responsável, no bairro, por coletar o nome das pessoas que queiram castrar seus animais. A lista é repassada ao CCZ. Cada bairro tem um líder comunitário responsável.