07/08/2015 07h02 - Atualizado em 07/08/2015 07h02
Flávio Verão
Brincadeira considerada sadia, soltar pipa pode provocar morte, principalmente quando acompanhada de cerol ou linha chilena, dotada de um poder de corte quatro vezes maior do que o primeiro. O material, que conquistou adeptos, pode ser comprado pela internet e estabelecimentos em bairros e centro de Dourados. Quase diariamente a Guarda Municipal recebe denúncias e, quando constatado o uso desses produtos, as pipas são apreendidas.
A estudante Marcela Ribeiro, 24 anos, foi parar na UPA (Unidade Pronto Atendimento) depois de ter o pescoço cortado por uma linha de pipa. Na manhã de anteontem, ela seguia de motocicleta pela rua W 16, no Terra Roxa, quando sentiu uma ardência do pescoço. Imediatamente parou e viu dois meninos com carretel de pipa na mão. “Reclamei com eles e disse que iria falar com os pais, mas ao levar a mão no pescoço senti o sangue escorrendo, entrei em desespero”, relata a estudante.
Como estava perto de casa, montou na moto e foi embora em busca de socorro. A sogra mora ao lado e, com a ajuda do cunhado, Marcela foi até a UPA. “Fui atendida rapidamente e o médico informou que tive sorte, pois foi um corte superficial”, disse aliviada. Não foi preciso costurar a pele, colocando somente ponto falso, técnica para juntar as bordas através de esparadrapo.
Passado o susto, a estudante voltou para casa e agora convive com o medo de andar de moto na rua. “Eu sempre fui atenta à pipa, e desta vez, mesmo andando de vagar, não consegui perceber”, disse ela, que irá “aposentar” a motocicleta. “Meu marido me levará para o trabalho, pois confesso que fiquei com medo”, relata.
O que diz a lei?
Não existe uma lei federal que proíba o uso de linha com cerol ou chilena, mas tramita no Congresso Nacional um projeto que prevê a proibição deste tipo de item. Assim, a legislação acaba variando pelo território brasileiro. Em Dourados, a Guarda Municipal tem apreendido pipa quando recebe denúncias de moradores.
O comandante da Guarda, João Vicente Chencarek, diz que se constatado a utilização de objetos cortantes na linha ela é apreendida e a criança encaminhada ao Conselho Tutelar ou Delegacia do Menor. Nas férias de julho, menores passaram por essa situação e os pais foram acionados. “Como não há lei, não há muito o que fazer, mas na medida que presenciamos crianças soltando pipa em vias de grande fluxo orientamos elas a deixarem o local e caso não atendam a recomendação a pipa é apreendida”, explica o comandante.
A principal maneira para o motociclista se prevenir contra a linha com cortante é a instalação da antena corta-fio. O item de proteção é encontrado em lojas especializadas para motos por valores que podem variar de R$ 20 a R$ 40. A antena funciona como um anzol na ponta e tem um ponto de corte.