22/08/2015 08h50 - Atualizado em 22/08/2015 08h50
Willams Araújo/Conjuntura Online
Numa manobra bem-sucedida via cúpula nacional, o ex-prefeito de Campo Grande, Nelsinho Trad (sem partido), conseguiu assumir o controle do PTB em Mato Grosso do Sul, acabando de vez com a movimentação de Ivan Louzada, que havia recebido um ultimato dos caciques nacionais da legenda para reestruturar o partido no Estado.
As articulações de Nelsinho em torno de assumir a direção petebista foram antecipadas na edição de quinta-feira do jornal O PROGRESSO.
O ex-prefeito assume o PTB com o papel de reorganizá-lo em todo o Estado. Ele deixou o PMDB há dias por causa de divergências com o ex-governador André Puccinelli, a quem acusa de fazer corpo mole em sua campanha fracassada ao governo do Estado, quando ficou em terceiro lugar, atrás do tucano Reinaldo Azambuja (PSDB) e do senador Delcídio do Amaral (PT).
“Ao deixar o PMDB, partido onde tive a honra de construir sólida e honrada trajetória, o faço de coração aberto ao constatar que eventuais dissabores e decepções decorrem da fragilidade de uns poucos”, declarou em seu manifesto.
Em nota, Nelsinho destacou que volta a depositar suas esperanças no PTB, partido no qual seu pai, o ex-deputado federal Nelson Trad (já falecido), foi eleito deputado estadual e federal, e candidato a prefeito de Campo Grande, em 1996. “O PTB que hoje me acolhe foi a trincheira política que abrigou as fundadas esperanças e as muitas batalhas de meu pai, deputado Nelson Trad, por um Brasil mais justo, solidário e próspero”, destacou.
Em outro trecho do documento, o ex-prefeito da Capital garante que, apesar de assumir o comando partidário, entra para ser mais um soldado. “Ingresso no Partido Trabalhista Brasileiro como simples soldado, porém determinado a lutar pela bandeira do Trabalhismo dinâmico e solidário que tem no ser humano seu único objetivo”.
Em matéria intitulada “Nelsinho Trad e Ricardo Ayache disputam controle do PTB em Mato Grosso do Sul”, a reportagem destacou que o ex-prefeito foi a Brasília na quinta-feira se encontrar com a cúpula nacional do PTB na tentativa de assumir o comando do partido em Mato Grosso do Sul.
A reportagem lembra ainda que “esta não seria a primeira vez que Nelsinho tentava tirar o PTB das mãos de Louzada, que também encontrava-se em Brasília no mesmo dia”.
“Estou em uma reunião, não posso falar agora”, limitou-se a dizer o dirigente petebista, que negou estar conversando com o presidente de honra nacional do PTB, Roberto Jefferson, atualmente cumprindo prisão domiciliar como parte da condenação imposta pelo crime do chamado mensalão durante o governo do presidente Lula.
“Não, eu estou em Brasília, e ele (Roberto), no Rio”, acrescentou Louzada, ao ser questionado sobre o assunto. Ele também demonstrou desconhecimento sobre as articulações de Nelsinho na tentativa de destroná-lo do comando partidário.
Apesar do desgaste em âmbito estadual decorrente do péssimo desempenho nas últimas eleições e problemas judiciais por causa de uma dívida ativa milionária que acumula na Justiça, o comando regional do PTB havia recebido mais um voto de confiança do diretório nacional para se reorganizar em Mato Grosso do Sul.
Em junho, o presidente da executiva regional confirmou ter recebido um prazo de 90 dias para reestruturar as comissões provisórias e eleger os diretórios municipais em todo o Estado.
O ultimato foi dado pela presidente nacional do partido, deputada federal Cristiane Brasil (PTB-RJ), filha de Roberto Jefferson (PTB-SP).
Um dos membros do diretório petebista confirmou que Nelsinho havia ido a Brasília acertar a composição da nova provisória regional da legenda. Ele confidenciou que estava de saída do grupo quando foi aconselhado pelo ex-prefeito a continuar nos quadros da legenda sob a alegação de que “iria haver novidades”.