Se não houver punição, terenas prometem 'resposta à altura'

31/08/2015 14h00 - Atualizado em 31/08/2015 14h00

Da redação

O Clima em propriedades rurais ocupadas por indígenas em Antônio João continua mais tenso. Em "Aty guassu", grande reunião, o povo Terena cobra punição aos responsáveis pela morte do Kaiowá Guarani Semião Fernandes Vilhalva, 24. Ele levou um tiro na cabeça quando bebia água num córrego no último sábado, na Fazenda Fronteira.

Indígenas acusam fazendeiros pelo crime. No sábado, cerca de cem ruralistas em camionetes foram armados até a fazenda para tirar os indígenas "na marra" do local. Houve confronto e a morte de Semião. Um bebê de um ano e meio levou um tiro de bala de borracha de raspão na cabeça.

Após o confronto, indígenas se reuniram. Em carta assinada pela comunidade Terena e publicada no site do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), diz que,"se o governo federal não punir os executantes e mandantes desse homicídio, nós TERENA, vamos dar uma resposta à altura para os ruralistas e iniciar imediatamente a autodemarcação de TODO NOSSO TERRITÓRIO!!!".

As terras em conflito são chamadas pelos indígenas de Ñande Rú Marangatú, território tradicional demarcado e homologado em 2005 pelo ex-presidente Lula. Ao todo, cinco fazendas estão ocupadas pelos indígenas desde o dia 22 de agosto, que prometem resistência, conforme trecho da carta a seguir.

"Nós lideranças Terena reafirmamos que não iremos recuar e continuaremos lutando até o último hectare de território tradicional que nos pertence. Este Estado bandido nega aos povos indígenas o nosso bem maior – nossa TERRA MÃE – e tenta vender ao mundo a falsa realidade de que estamos bem, promovendo jogos indígenas enquanto nossas crianças passam fome e nossos líderes são mortos".