07/09/2015 10h39 - Atualizado em 07/09/2015 10h39
Fotos - Cido Costa/Douradosagora
Redação Douradosagora
Após o encerramento oficial do desfile cívico de 7 de Setembro, representantes de movimentos sociais entraram na avenida cobrando direitos para todos os segmentos, rechaçando o extermínio dos indígenas, pedindo demarcação urgente de terras, criticando políticos e a situação político, social e econômica brasileira.
Levando tambores, buzinas, faixas e cartazes, eles mobilizaram a multidão que gritava e aplaudia. Nem o som alto atrapalhou as manifestações. "A nossa luta é todo dia...", dizia o refrão que os "Excluídos" levaram à Avenida Marcelino Pires.
A proposta do Grito surgiu no Brasil no ano de 1994 e o 1º Grito dos Excluídos foi realizado em setembro de 1995, com o objetivo de responder aos desafios levantados na 2ª Semana Social Brasileira, cujo tema era “Brasil, alternativas e protagonistas”. Em 1999 o Grito rompeu fronteiras e estendeu-se para as Américas.
Lemas
1995 – “A Vida em primeiro lugar”
O primeiro Grito dos Excluídos foi realizado em 7 de setembro de 1995 e teve como lema: “A Vida em primeiro lugar”. A iniciativa surgiu das Pastorais Sociais em 1994, em vista da Campanha da Fraternidade, que apresentava o tema: “A fraternidade e os excluídos”. O Grito surgiu da intenção de denunciar a exclusão, valorizar os sujeitos sociais. Este Grito aconteceu em mais de 170 cidades e teve como símbolo uma panela vazia.
1996 – “Trabalho e Terra para viver”
A partir de 1996, o Grito passou a fazer parte do “Projeto Rumo ao Novo Milênio”, com a aprovação dos bispos do Brasil em Assembléia da CNBB. Naquele ano, a Campanha da Fraternidade foi sobre política e o lema do Grito: “Trabalho e Terra para viver”. As parcerias foram ampliadas e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e a Central de Movimentos Populares (CMP) passaram a integrar a coordenação nacional. Foram realizadas manifestações em 300 cidades. O símbolo do Grito foi uma chave, estimulando à reflexão de que o trabalho é a chave da questão social.
1997 – “Queremos justiça e dignidade”
Em 1997, a Campanha da Fraternidade foi sobre os encarcerados e o lema do Grito foi “Queremos justiça e dignidade”, atingindo cerca de 700 cidades.
1998 – “Aqui é o meu país”
Em 1998, educação foi o tema da Campanha da Fraternidade. O Grito, com o lema: “Aqui é o meu país”, seguiu ampliando as parcerias, com a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação, e as manifestações ocorreram em mais de 1000 cidades. O símbolo foi uma sacola vazia com os dizeres: “A ordem é ninguém passar fome”.
1999 – “Brasil: um filho teu não foge à luta”
Em 1999, a organização coletiva do Grito dos Excluídos contou com a Confederação dos Trabalhadores na Agricultura (CONTAG) e o Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA). O tema foi “Brasil: um filho teu não foge à luta”.
2000 – “Progresso e Vida Pátria sem Dívida$”
Em 2000, com o tema “Progresso e Vida Pátria sem Dívida$”, junto com a realização do Plebiscito Nacional da Dívida Externa em todo Brasil reforça o fato de que, apesar das dificuldades, nosso povo não tem parado de lutar, busca conquistar a independência, dividir o poder e a riqueza e construir uma Pátria livre, um Brasil com igualdade e justiça social.
2001 – “Por amor a essa Pátria Brasil”
O Grito dos Excluídos de 2001 com o lema Por amor a essa Pátria Brasil, no contexto da economia globalizada, e da pressão dos organismos financeiros internacionais, enfocam a soberania e independência nacional. Frente à globalização da economia, o Grito propõe a globalização da solidariedade, no sentido de manterem vivos e ativos os sonhos, esperanças e utopias. Também valoriza os tesouros da cultura popular, o protagonismo dos excluídos e incentiva a criatividade, bem como a construção de um projeto popular para o Brasil.
2002 – “Soberania não se negocia”
Em 2002, com o lema Soberania não se negocia, junto com a realização do Plebiscito Nacional contra a ALCA em todo o Brasil, momento este de tentar manter a soberania nacional, face o imposição do capitalismo norte americano nos países da América Latina e sobre o povo desses países.
2003 – “Tirem as mãos… o Brasil é nosso chão”
Em 2003, o lema do 9º Grito dos Excluídos foi: “Tirem as mãos… O Brasil é nosso chão!”, com o símbolo do Grito (fita verde e amarela com frase: Vacine-se contra a Alca)
2004 – “BRASIL: Mudança pra valer, o povo faz acontecer”
Em 2004, o lema do 10º Grito dos/as Excluídos/as foi: Brasil: Mudança pra valer o povo faz acontecer.
2005 – “Brasil em nossas mãos a mudança”
Em 2005, o lema do 11º Grito dos/as Excluídos/as foi: Brasil: em nossas mãos a mudança! Assim temos como símbolo a panela vazia. Ou seja, após tomarmos consciência dos direitos de cidadania, da necessidade de um novo rumo à política econômica, da complexidade da globalização e da urgência das mudanças – trata-se agora de tomar o projeto em nossas próprias mãos. Neste ponto, convém salientar que o Grito não caminha só, mas em articulação com outras iniciativas que lutam igualmente por mudanças na sociedade. Entre elas, vale destacar as Semanas Sociais Brasileiras, a Campanha contra a ALCA, a Consulta Popular, o Grito Continental, o Mutirão contra a fome e a miséria, a Campanha da Fraternidade, e assim por diante.
2006 – “Brasil: na força da indignação, sementes de transformação”
Neste ano, o lema do 12º Grito dos/as Excluídos/as é: Brasil: na força da indignação, sementes de transformação. Destacamos os três ingredientes que forma o conteúdo do lema, a força da indignação, as sementes e a transformação social, na busca da construção de uma pátria forte, justa e soberana.
2007 – “Isto não Vale: Queremos Participação no Destino da Nação”
Em 2007, o lema: “Isto não Vale: Queremos Participação no Destino da Nação”. Nos leva a refletir o que vale e o que tem valor e o que não vale, o que não tem valor para a construção do projeto popular para o Brasil. Com certeza não vale: o neoliberalismo; a atual política econômica: não realiza a reforma agrária; a crescent~” e exclusão social, a fome, a privatização do público; modelo econômico; a corrupção, a impunidade, a guerra, a violência, as ocupações militares como no Iraque e no Haiti. Com certeza o que vale e o que tem valor: o protagonismo popular; os grupos de base; a generosidade, a confiança, a solidariedade, a ética, a transparência, a amizade, partilha, a alegria, enfim o que vale é a dignidade da vida.E por fim o desafio de realizar o Plebiscito Popular pela Anulação do Leilão da Vale, rediscutindo as privatizações e a redução das taxas de energia, bem como, realizar a formação e organizar pequenos grupos na base, realizar assembléias locais e municipais, construindo de forma pedagógica um caminho onde o povo seja o sujeito principal que debate os problemas, planeja ações, age de forma articulada e avalia suas práticas.
2008 – “Vida em primeiro lugar Direitos e Participação Popular”
O 14º grito dos/as Excluídos/as com o lema: “Vida em primeiro lugar Direitos e Participação Popular” recoloca na ordem do dia a urgência da inversão das prioridades, ao afirmar a dignidade da vida acima do mercado, do lucro e do capital. Também se propõe a refletir e aprofundar a questão da democracia direta, participativa, uma vez que a representatividade está profundamente questionada. Incentiva a todos os cidadãos e cidadãs a participar das atividades e mobilizações ocupando ruas e praças, na semana e no dia da pátria, com uma nova consciência política. Pois no palco da vida não há espectadores de um lado os atores do outro, todos/as somos protagonistas na luta pelos direitos e na construção de um projeto popular para o Brasil. A caminhada da independência é construída por aqueles e aquelas que sonham e lutam para transformar a realidade.
2009 – “Vida em primeiro lugar: A força da transformação está na organização popular”
O lema do XV grito nos convoca e desafia a pensar e discutir com a sociedade a atual crise do capitalismo, que mais uma vez deixa a conta para os pobres pagarem, e a necessidade de construir um novo projeto de sociedade onde a dignidade da vida esteja em 1º lugar. Vida digna e justa é mais do que mera sobrevivência, exige mudança e condições reais que garantam as aspirações básicas do ser humano. O lema também afirma que a força da transformação está na organização e participação popular, um dos grandes desafios para quem sonha um novo projeto de sociedade.
2010 – “Vida em primeiro lugar: “Onde estão nossos Direitos? Vamos às ruas para construir o projeto popular”
O lema nos chama a discutir dois pontos: a vida e os direitos, destacamos a violência que vem exterminando a juventude brasileira; a Campanha da Fraternidade deste ano; o processo eleitoral, centrando a discussão em critérios éticos para a construção de uma democracia popular. E a participação no Plebiscito Popular pelo Limite da Propriedade da Terra, que pauta um dos temas cruciais para a construção de um verdadeiro Projeto Popular, que é a questão fundiária e agrária do país. Em ano eleitoral, trata-se de levar os candidatos a se pronunciarem sobre o tema, sabendo que a bancada ruralista, no Congresso Nacional, constitui historicamente um dos setores mais retrógrados e avessos a mudanças substanciais.
2011 – “Pela vida grita a TERRA… Por direitos, todos nós!”
O Lema nos chama a discutir em caráter nacional e global. É necessário pensar em verdadeiras políticas públicas de inclusão, o grande desafio é passar de um modelo de exploração, que visa tirar o máximo de lucro da natureza e da força humana, a um novo modelo de cuidado, preservação e cultivo da vida, que prima pela convivência justa, solidária e fraterna, em relações de convivência com as demais formas de existência, permitindo que a Terra se converta numa fonte perene de vida. Prevalece a necessidade de apoiar e fortalecer todas as iniciativas populares que buscam reciclar e reorganizar a relação dos seres humanos com a biodiversidade do Planeta. Em nível global, somos convidados a uma rede de solidariedade, onde os direitos básicos dos seres humanos se complementam com políticas amplas e abrangentes de preservação e respeito ao meio ambiente, priorizando o desenvolvimento sustentável. A consciência da cidadania ganha dois aspectos inseparáveis: a soberania nacional, nas comemorações do Dia da Independência, não pode esquecer que somos antes de tudo cidadãos do planeta Terra.
2012 – “Queremos um Estado a Serviço da Nação, que garanta direitos a toda população”
A 18ª edição do Grito dos Excluídos nos convida a debater o papel do Estado, que deve estar a serviço das necessidades básicas da população, um Estado que deve levar em conta os gritos que irrompem do chão, dos porões da sociedade, das ruas e campos, do cotidiano dos trabalhadores e suas famílias. O lema nos permite compreender que o Estado hoje não vê e não ouve o clamor que vem das bases, está permeado pela corrupção e por uma relação muitas vezes promíscua entre os diferentes poderes. O Grito se propõe a combater o esquema tão conhecido pela metáfora de Gilberto Freire, o Brasil mantém perversamente a forma de política dupla, uma para a Casa Grande e outra para a Senzala: um sistema de educação e saúde para os que estão instalados no andar de cima da pirâmide social, outro para os que moram na base; um sistema de transporte e segurança para os de cima, outro para os de baixo; benesses e privilégios para as camadas superiores, migalhas para os setores de baixa renda.
2013 – “Juventude que ousa lutar constrói projeto popular”
A 19ª edição do Grito dos Excluídos nos insere nos debates da 5ª Semana Social Brasileira quem tem como tema Estado para que e para quem? Também repercute os gritos que ressoaram por todo o país no mês de junho. Centenas de milhares de pessoas soltaram no ar reivindicações e protestos há muito sufocados e reprimidos. Em sintonia com a Campanha da Fraternidade de 2013 – Fraternidade e Juventude. É no bojo desse processo que se engendra o chamado Projeto Popular para o Brasil. Projeto que, como sabemos, não nasce em laboratório nem pela ação de alguns iluminados. Em verdade, ele já está em curso, nas milhares iniciativas de combate por uma sociedade justa, solidário, social e ecologicamente sustentável.
2014 – “Ocupar ruas e praças por liberdade e direitos”
A 20ª edição do Grito dos Excluídos, nos remete ao ano de 2013 que mostrou um vasto mosaico de manifestações populares e mal-estar social, juventude crítica e ativa e ocupação de ruas e praças. Para 2014, o desafio é incorporar três temperos de uma mistura explosivamente positiva na construção de um projeto popular para o país – na linha dos debates da 5ª SSB, Estado para que e para quem?; CF- Fraternidade e Trafico Humano. E parafraseando o clima de expectativa em vista da Copa do Mundo e Olimpiadas, não basta assistir das arquibancadas o desenrolar do jogo: é necessário entrar em campo – “ocupar as ruas e praças” – e participar de forma patrioticamente ativa nas decisões, exigir o “padrão Fifa” não só para estádios, infraestrutura e eventos, mas sobretudo para os direitos básicos da população de baixa renda: terra e trabalho, educação e saúde, transporte e segurança, alimentação de qualidade, entre outros. Direitos que se traduzem em condições reais de existência digna e de liberdade como um passo decisivo que vai da exclusão à inclusão social em todos os níveis e graus e garantia de um futuro justo, solidário, sustentável e fraterno. (http://www.gritodosexcluidos.org/)