26/09/2015 16h00
Meta é criar estratégias para incentivar amamentação e distribuição de leite humano a bebês prematuros e de baixo peso.
Para ampliar o debate sobre políticas públicas de aleitamento materno e criar estratégias incentivando a amamentação e a distribuição de leite a bebês prematuros e de baixo peso foi realizado em Brasília o II Fórum de Cooperação Internacional em Bancos de Leite Humano. O ministro da Saúde, Arthur Chioro, participou, da solenidade de assinatura da Carta de Brasília.
O evento é promovido pelo Ministério da Saúde em parceria com a Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano, da Fiocruz e Agência Brasileira de Cooperação, do Ministério das Relações Exteriores (ABC).
Durante a solenidade, o ministro destacou os avanços conquistados nos 30 anos de políticas públicas voltadas para o aleitamento materno e doação de leite humano.
“Estas três décadas foram fundamentais para que o Brasil pudesse alcançar, com antecedência, os objetivos do desenvolvimento do milênio referentes à redução da mortalidade infantil.
De 1992 para cá, tivemos uma redução de 77% na mortalidade infantil. Não se trata de uma conquista que pode ser atribuída a uma pessoa, mas a um processo histórico de muito comprometimento”, afirmou.
Segundo Chioro, a Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano tem papel fundamental na garantia da qualidade de vida das futuras gerações.
“É um dos investimentos mais inteligentes e eficientes que os sistemas nacionais de saúde e sociedades podem oferecer às crianças.
Trata-se de política que se expressa em uma rede global, com participação de países na América Latina, Europa e África, e que compartilham os mesmos objetivos", ressaltou o ministro.
Além da Carta de Brasília, na solenidade desta quarta-feira foram entregues o Prêmio Jovem Pesquisador, da rBLH, e os certificados de Credenciamento dos Bancos de Leite Humano do Brasil no Programa Ibero-americano de Bancos de Leite Humano (IberBLH). Na ocasião, Chioro entregou a certificação internacional de Consultores da rBLH para o período de 2015 a 2020.
Também durante o evento, o Coordenador da Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano, João Aprígio de Almeida, disse que a rBLH simboliza a capacidade dos profissionais de saúde de construir novos paradigmas e desconstruir mitos, garantindo o direito que toda criança tem ao nascer, que é leite materno como salvaguarda da vida.
“É válido ressaltar que visamos uma cooperação baseada, não apenas na transferência de tecnologia, mas de princípios.
Não importa se o banco está na África, na Guatemala, em El Salvador ou na Espanha: a metodologia de controle de qualidade é a mesma em qualquer banco de leite da rede”, afirmou.
A atriz e madrinha da Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano, Maria Paula, elogiou o fato do Brasil ser um exportador para o mundo.
“Estas moças que receberam o prêmio de cientista, são mulheres maravilhosas que descobriram a tecnologia para exportar mundo a for. Isso faz com que a nossa rede latino-ibero-afro possa prestar apoio à Europa, Estados Unidos, entre outros países.
Os Bancos de Leite Humano permitem que os bebês na UTI neonatal consigam, não apenas sobreviver, mas voltarem para as suas mães, com saúde. Isso é uma verdadeira rede de apoio mútuo, rede de amor, de vínculo afetivo, de paz, de uma sociedade mais respeitosa, mais amorosa. É esse exemplo que temos que dar”, declarou a atriz.
Nos últimos 10 anos, as estratégias públicas de incentivo à doação de leite humano no Brasil, conduzidas pela rBLH-BR e coordenada pela Fundação Oswaldo Cruz, resultaram na implantação de 79 Bancos de Leite Humano na Ibero-América e África.
Entre 2009 e 2014, os países dessas regiões, junto com os bancos de leite humano da rBLH-BR, coletaram 1.132.760 litros de leite humano, que alimentaram e nutriram 1.264.497 crianças internadas em unidades de terapia intensiva/semi-intensiva neonatais, beneficiando, não apenas os bancos de leite humano, mas países, crianças, mães e famílias em várias partes do mundo.
A cooperação técnica internacional em Bancos de Leite Humano, fruto da ação integrada entre a Fiocruz, Ministério da Saúde e a Agência Brasileira de Cooperação (ABC/MRE), foi reconhecida pelas Agências das Nações Unidas como um exemplo de sucesso.
Atualmente, a rBLH possui 292 bancos de leite em países da Península Ibérica, África, América Latina e Caribe, beneficiando mais de 1 milhão de recém-nascidos. O objetivo é gerar autossuficiência nos países participantes.
O modelo brasileiro de bancos de leite humano e as políticas públicas no Brasil são focadas na proteção, promoção e apoio ao aleitamento materno, exclusivo, até os seis meses e continuidade da amamentação por dois anos ou mais.
Nos bancos de leite humano, por exemplo, todo leite coletado passa por um rigoroso controle de qualidade, antes de ser distribuído, e é fornecido de acordo com as necessidades de cada criança.
De acordo com a Organização Pan-americana de Saúde (OPAS), somente com a amamentação já é possível reduzir a mortalidade infantil em 13% e, por esta razão, o Ministério da Saúde, em parceria com a rBLH, promove e intensifica campanhas e políticas públicas de aleitamento materno, estimulando o ato.
A Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano foi estabelecida em 1998, por iniciativa do Ministério da Saúde e da Fundação Oswaldo Cruz, com a missão de promover, proteger e apoiar o aleitamento materno, coletar e distribuir leite humano com qualidade certificada e contribuir para a diminuição da mortalidade infantil.
Além de coletar e distribuir leite humano a bebês prematuros e de baixo peso, os Bancos de Leite Humano realizam atendimento de orientação e apoio à amamentação.
A Rede possui 213 Bancos de Leite Humano distribuídos em todos os estados do território nacional, alguns com coleta domiciliar.
Em 2001, a Organização Mundial da Saúde (OMS) reconheceu a rBLH-BR, com o Prêmio Sasakawa de Saúde, como uma das ações que mais contribuíram para redução da mortalidade infantil no mundo na década de 1990.(Ministério da Saúde)