05/10/2015 07h02 - Atualizado em 05/10/2015 07h02
Elvio Lopes/De Campo Grande
Sem habeas corpus acatado pela Justiça, o vice-prefeito afastado da Capital, Gilmar Antunes Olarte (PP) passou o final de semana no Presídio Militar Estadual de Campo Grande, enquanto que o outro investigado que teve a prisão provisória decretada a pedido do Ministério Público do MS (MPMS), o empresário João Alberto Krampe Amorim dos Santos, foi liberado no final da noite de sexta-feira, em decisão acatada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), em Brasília.
Os dois serão ouvidos neste início de semana pela força tarefa do MPMS formada para investigar as denúncias de corrupção ativa e passiva e formação de quadrilha apuradas pela Operação Coffee Break, desencadeada em 25 de agosto pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e que resultou na condução coercitiva de empresários, vereadores, ex-vereador e ex-secretário municipal para serem ouvidos na sede do grupo.
Segundo informações prestadas pelo coordenador do Gaeco, promotor de Justiça Marcos Alex Vera de Oliveira, João Amorim será ouvido nesta segunda-feira a partir das 9h da manhã, enquanto que o prefeito afastado deve depor no mesmo horário, amanhã.
Acusações
As prisões temporárias foram solicitadas, de acordo com o Gaeco, para garantir a presença dos dois acusados para os depoimentos desta semana. Marcos Alex comentou que, dependendo dos depoimentos de Amorim e Olarte, que serão confrontados com os de outras pessoas ouvidas nas investigações, poderá solicitar ao Tribunal de Justiça do Estado (TJMS), a prorrogação das prisões temporárias, ou a conversão delas em preventivas.
As investigações da Operação Coffee Break começaram depois que o MPMS recebeu, da Polícia Federal, documentos da Operação Lava Jato, instaurada para apurar fraudes em licitações e desvio de dinheiro das administrações estadual e municipal e que foram compartilhados com o Gaeco, em razão de constatados envolvimentos de Amorim e Olarte, outro empresário e vereadores, em suposto favorecimento financeiro para a cassação do prefeito Alcides Bernal (PP), em março do ano passado.
Citados em conversas telefônicas autorizadas pela Justiça na Operação Lama Asfáltica, João Amorim e Gilmar Olarte são suspeitos de serem os principais articuladores da cassação de Bernal.
Rotina
Ao deixar a sede do Grupo Armado de Repressão a Roubos, Assaltos e Sequestros (Garras), pouco antes da meia-noite de sexta-feira, o empresário João Amorim, que foi diretamente para sua residência, onde afirmou que passaria o final de semana, disse que vai colaborar com as investigações.
Já o vice-prefeito afastado, Gilmar Olarte, passou o final de semana no Presídio Militar Estadual, que fica no complexo penitenciário da Capital, em uma cela, com uma bíblia e um violão e recebeu, no sábado, em duas oportunidades, a visita de seu advogado, Jail Azambuja e chegou a ser vaiado por familiares de detentos que se aglomeraram em frente ao Presídio de Segurança Máxima de Campo Grande.
De acordo com a direção do Presídio Militar Estadual, Olarte não tem direito a visita, a não ser de seus advogados e teve uma rotina de detento no sábado, com direito a banhos de sol pela manhã e à tarde, três refeições e conversou com Jail Azambuja sobre as estratégias de defesa, que inclui a impetração de um habeas corpus que foi encaminhado pelo TJMS ao STJ ainda na quinta-feira, data do cumprimento da decretação de prisão dele e do empresário. Amorim se entregou no início da tarde daquela data e Olarte somente na madrugada de sexta-feira.
Mensagens
Olarte chegou a gravar, via whatsapp, mensagens dirigidas aos fiéis da igreja em que é pastor e presidente, afirmando que as acusações que lhe são imputadas fazem parte de uma fase de sua carreira política e que vai estar junto com os irmãos e celebrar a vitória e que, assim como grandes homens da história bíblica, “que foram grandes gestores, também foram presos”.
Ele também pediu orações aos fiéis e destacou que está passando por momentos “que nos parecem ser o fim, mas o Senhor vai transformar tudo isso em glória, pois tenho certeza de minha inocência, certeza de que vamos conseguir provar e retornar ao convívio de todos”.