30/10/2015 14h36 - Atualizado em 30/10/2015 14h36
Ele aposta no diálogo com a comunidade católica para trabalhar como bispo diocesano de Dourados; sua posse será dia 30 de janeiro
Flávio Verão
Nomeado bispo diocesano de Dourados, padre Henrique Aparecido de Lima, 51 anos, diz que não chegará para trazer mudanças. Há dois dias na cidade, ele recebeu a imprensa e comunicou que sua posse tem data definida, 30 de janeiro do ano que vem.
Superior provincial da Congregação do Santíssimo Redentor em Campo Grande, ele foi nomeado dia 20 de outubro pelo papa Francisco para ser o sexto bispo da Diocese de Dourados, composta por 17 municípios da região sul do Estado.
Desde ontem padre Henrique está reunido com o bispo Dom Redovino Rizzardo e amanhã deixa a cidade, retornando outros dias para se reunir com padres, religiosos e melhor conhecer a Diocese até a data de sua posse.
Levou um susto
O processo de escolha de um novo bispo pode levar mais de um ano. Bastante complexa, a decisão inicia com a indicação do sacerdote, passando por decisão do bispo, de religiosos, do arcebispo, do núncio apostólico, da congregação dos bispos, até chegar ao papa. É o nuncio que entra em contato com o sacerdote para fazer o convite a ser bispo
Padre Henrique Aparecido diz que levou um susto quando recebeu a ligação de Dom Giovanni D'Aniello, núncio apostólico no Brasil. "Só de receber a ligação dele fiquei surpreso, quando foi feito o convite, mais ainda", relata o sacerdote, que pediu uma reunião pessoalmente.
O encontro foi marcado e após cerca de duas horas de conversa disse que aceitou a proposta de assumir a Diocese de Dourados. "Sou provincial e fazia projetos e confesso que foi um baque deixar congregação. Mas por outro lado vi a questão episcopal, da dificuldade de uma Diocese conseguir um bispo", disse o padre em entrevista.
Como missionário redentorista padre Henrique Aparecido diz que tinha vários planos, mas o convite para ser bispo foi um 'chamado de Deus'. Os redentoristas são conhecidos pelo voto à pobreza e por levar o Evangelho às pessoas mais distantes da área espiritual.
Um novo desafio
Ao aceitar o desafio de ser bispo, padre Henrique diz que aguarda com muita esperança a sua nova missão. Questionado sobre a atual conjuntura de Mato Grosso do Sul, de conflito por terras entre fazendeiros e indígenas em algumas regiões do Estado, ele disse que a igreja tem o papel religioso e não pode fazer o papel de estado [governo]. "Não podemos trocar os papeis", afirmou.
Os cinco bispos que passaram por Dourados eram europeus ou com descendência europeia, como Dom Redovino. Padre Henrique não vê que, ao fato de ser afrodescendente, terá que fazer diferença e tampouco irá mudar tudo.
Ele diz que gosta muito de diálogo, tem suas opiniões, mas partilha ideias e decisões. "Quando fui pároco numa cidade aqui de MS perguntaram qual era o meu projeto para a igreja. Eu sempre devolvo a pergunta: qual é o projeto de vocês", disse ele. Decisões em conjunto são para o futuro bispo de Dourados a melhor forma para todos caminharem juntos.