12/11/2015 17h33 - Atualizado em 12/11/2015 17h33
G1
A CPI do BNDES na Câmara dos Deputados, que investiga operações envolvendo o banco de fomento, aprovou nesta quinta-feira (12) a convocação do empresário e pecuarista José Carlos Bumlai – amigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva – para prestar esclarecimentos sobre suspeitas de tráfico de influência e favorecimento em contratos firmados pelo banco.
Sob protestos de deputados governistas, a convocação de Bumlai foi aprovada por 13 votos favoráveis e três contrários. Como se trata de uma convocação, o empresário será obrigado a comparecer à CPI. Ainda não há previsão da data em que ele comparecerá na comissão.
Pecuarista do Mato Grosso do Sul e empresário do setor sucroalcooleiro, dono da São Fernando, em Dourados, Bumlai tinha acesso franqueado ao gabinete de Lula durante os oito anos em que o petista comandou o Palácio do Planalto. Os dois se conheceram em 2002, apresentados pelo ex-governador sul-mato-grossense Zeca do PT, e estreitaram a relação nos anos seguintes.
Um dos delatores da Operação Lava Jato, o lobista Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, afirmou em depoimento ao Ministério Público Federal que repassou R$ 2 milhões a Bumlai referente a uma comissão a que o pecuarista teria direito por incluir Lula em uma negociação para um contrato.
Fernando Baiano era representante da empresa OSX, que tinha interesse em entrar na licitação para a construção de navios-sonda para explorar o petróleo da camada do pré-sal.
Os R$ 2 milhões, ressaltou o delator, seriam repassados a uma das noras de Lula para quitar uma dívida imobiliária.
Ainda segundo Fernando Baiano, o pagamento foi feito a pedido de Bumlai, que, em contrapartida, se comprometeu a ajudá-lo a agendar uma audiência entre o ex-presidente da República com João Carlos Ferras, então presidente da Sete Brasil, uma das fornecedoras da Petrobras.
Na época, a Sete Brasil negociava com a estatal do petróleo contratos para exploração do pré-sal que incluíriam a empresa OSX. Baiano contou ao Ministério Público que o negócio não foi adiante, mas que, mesmo assim, ele pagou os R$ 2 milhões prometidos a Bumlai.
O requerimento de convocação de Bumlai já estava na pauta da CPI na semana passada, entretanto, na ocasião, não chegou a ser apreciado. Nesta quinta, o pedido para ouvir o pecuarista foi o primeiro item a ser analisado pelos integrantes da comissão.
Na reunião da última semana, a CPI do BNDES tinha aprovado pedidos de informações sobre negócios de Bumlai com o banco de fomento.