Comunicação CNA - 01/11/2016 17h10
Os custos de produção da avicultura e da suinocultura continuam apresentando patamares elevados, em 2016, devido aos gastos do produtor com energia elétrica, combustíveis, milho e farelo de soja, insumos utilizados em larga escala pelos criadores de frangos e suínos.
Em várias regiões do país, os criadores reduziram o total de alojamentos dos animais devido à disponibilidade reduzida de grãos, reforçada pela quebra de safra nos principais estados produtores.
O diagnóstico foi apresentado pelo engenheiro agrônomo da Universidade de São Paulo (USP) e pesquisador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), Marcos Debatin Iguma, no encerramento do 2º Seminário Nacional do Campo Futuro, cujos debates ocorreram no auditório da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), em Brasília.
Investimentos - Diante desse cenário, segundo levantamento feito pelos técnicos do projeto Campo Futuro, avicultores e suinocultores estão enfrentando dificuldades para fazer novos investimentos em seus projetos.
Essa situação acontece porque, na maioria das regiões analisadas, o produtor só está conseguindo cobrir o Custo Operacional Efetivo (COE), que engloba as despesas do dia a dia da produção.
Um dado relevante a ser considerado, no caso da suinocultura, segundo explica Marcos Iguma, é que o aumento dos preços do milho e do farelo de soja afeta mais os 40% de produtores independentes. No caso dos criadores integrados (parceria com a indústria), esse custo é absorvido pela empresa.
Aquicultura - No debate anterior, relativo à situação do setor pesqueiro do país, a pesquisadora da Embrapa Pesca e Aquicultura, Andrea Elena Pizarro Muñoz, no painel sobre Aquicultura, fez relato resumido sobre as peculiaridades existentes nos diferentes polos aquícolas do país.
Segundo ela, "percebe-se equilíbrio entre os custos quando há emprego de mão de obra contratada, nos casos de empreendimentos com maior receita bruta anual".
Situação diversa ocorre nas propriedades onde é utilizada mão de obra familiar, diz a pesquisadora. Nesse ambiente, "tais projetos apresentam menor receita bruta por ano, embora o rendimento obtido acabe sendo indispensável e estratégico na composição da renda familiar", assinala.
Outra questão importante, de acordo com o estudo do "Campo Futuro", é a dificuldade quanto à legalização dos empreendimentos aquícolas, devido a trâmites burocráticos, um dos temas recorrentes nos painéis realizados ao longo de 2016 pela CNA/Cepea.
Em 2017, a CNA vai comemorar os 10 anos de existência do projeto "Campo Futuro" com uma programação especial.
A pauta prioritária, ainda em elaboração, será para a realização de estudos sobre questões estratégicas como seguro rural, crédito agrícola e novas tecnologias, além do trabalho já consolidado pelos pesquisadores do Cepea/USP/Esalq.