A obra, que vai custar aos cofres públicos o valor de R$ 5,5 milhões parece mais um improviso e virou pesadelo para alguns feirantes
A obra, que vai custar aos cofres públicos o valor de R$ 5,5 milhões parece mais um improviso e virou pesadelo para alguns feirantes
Por: Valéria Araújo - 15/02/2017 07h56
Inaugurada há 3 meses pela administração Murilo Zauith, a obra inacabada da Feira Livre irrita feirantes e afugenta clientes. Alguns trabalhadores estimam queda de 50% nas vendas. A "herança maldita", como dizem os feirantes, apresenta problemas crônicos como os alagamentos em dias de chuva e a cobertura recém instalada com materiais de "quinta categoria", não resistiu à primeira ventania, conforme os trabalhadores relataram.
No local o cenário é desolador. A obra, que vai custar aos cofres públicos o valor de R$ 5,5 milhões parece mais um improviso e virou pesadelo para alguns feirantes. "Puxadinhos" de lona amarradas umas às outras não protegem do sol, do calor intenso e da chuva e os furtos e atos de vandalismo tornam a rotina dos feirantes ainda mais sacrificada. É o caso da aposentada Eunice Batista Lima dos Santos. Ela conta que teve mais de R$ 1 mil de prejuízo com o furto de bebidas, recentemente na feira, e para inibir o crime está tendo que dormir no chão da barraca dela porque o local não dispõe de guarda noturno. "Aqui virou terra de ninguém.. Todo mundo chega e faz o que quer com nossas mercadorias. Estamos desesperados", conta, observando que já foi furtada quatro vezes.
O mesmo acontece com Luzia Rodrigues, da Praça de Alimentação. Ela teve a lona da barraca toda rasgada. "Prometeram um local coberto, funcional e com segurança, mas nada disso foi entregue. Estamos vivendo uma verdadeira insegurança porque a cada dia mudam o discurso sobre como vai ficar a feira. Até trocar a gente de local novamente estão querendo; a insegurança aqui é muito grande e isto reflete diretamente nas vendas. Não sei mais a quem recorrer", desabafa.
Segundo os feirantes, diferentemente da Rua Cuiabá, onde havia grandes árvores para proteger do sol, na nova estrutura o calor intenso mata as hortaliças, causando prejuízo. Em dias de chuva, nem as "gambiarras" protegem os clientes. "O objetivo foi apenas inaugurar para tirar fotografia", lamenta um feirante. Os comerciantes reclamam de várias irregularidades. O primeiro é o número de boxes insuficientes e o tamanho reduzido dessas estruturas. Também falta local para carga e descarga de produtos. Outro problema é que, com tamanho mínimo das tendas disponibilizadas, não há espaço para guardar estoque de produtos.
Nova gestão
O atual secretário de Agricultura e Economia Solidária Landmark Ferreira disse ao O PROGRESSO que a Prefeitura vem mantendo o diálogo com os feirantes. Ele disse que o projeto da Prefeitura não prevê área coberta e que a segunda etapa será para a construção de um centro administrativo. Por essa razão, os feirantes da área de alimentação deverão sair do local. Landmark pede para os feirantes montarem uma associação para se organizarem melhor e diz que futuramente a Prefeitura tem o interesse de ajudar com recursos próprios as barracas.
Segunda etapa
A redação apurou que o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) depositou no dia 27 de dezembro R$ 747.176,62 para a segunda etapa das obras. Os valores fazem parte de duas emendas individuais no valor de R$ 1.218.750,00 do senador Waldemir Moka (PMDB) e pelo deputado federal Geraldo Resende (PSDB), totalizando mais de R$ 2,4 milhões. A segunda etapa consiste na cobertura do apoio administrativo e operacional, que contém quatro salas aos feirantes/agricultores.