18/04/2017 08h46 - Por: Correio do Estado
Executivo da Odebrecht, João Antônio Pacífico Ferreira, citou o ex-governador de Mato Grosso do Sul André Puccinelli (PMDB) e o ex-deputado federal Edson Giroto em delação da Lava-Jato. Segundo o executivo da empreiteira, eles supostamente teriam cobrado e recebido propina para a campanha de 2010.
Ferreira relatou o pagamento com detalhes, em delação premiada, deu datas e assegurou que há planilha para comprovar o esquema. O empreiteiro João Alberto Amorim Krampe dos Santos também foi citado como intermediário na negociação. O caso consta em documentos levados ao Supremo Tribunal Federal (STF), mas nenhum dos três responde a inquérito.
De acordo com o Correio do Estado, Ferreira afirmou que para a empresa conseguir receber um crédito milionário, precisava pagar 10% do valor a título de "auxílio de campanha". O saldo do crédito era de R$ 79 milhões, valor corrigido em 2010, mas na negociação com o Governo do Estado, a Odebrecht concedeu desconto de 70%, o que equivalia a um pagamento de R$ 23,4 milhões.
O retorno sobre o "sim" para a propina foi dado a Amorim, classificado pelo executivo da Odebrecht como "pessoa de confiança do governador André Puccinelli".
Segundo reportagem do Correio do Estado, a propina teria sido repassada em dinheiro e paga em São Paulo. Não fica apontado claramente quem viajou para receber. Ao mesmo tempo, a negociação sobre o acordo foi feita no Parque dos Poderes, na sede do Governo do Estado.
Como estava em campanha para deputado federal, Edson Giroto também recebeu dinheiro da empreiteira. João Antônio Pacífico afirmou que foram pagos R$ 300 mil a ele.
Nas planilhas da empresa, o nome do ex-deputado é "Carrossel" e o valor foi quitado em 15 de outubro de 2010, segundo o executivo. O pagamento aconteceu em São Paulo e não estava condicionado ao acordo.
Nos documentos que constam na prestação de contas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de 2010, não constam ambos os pagamentos a Puccinelli e Giroto. A pesquisa foi feita tanto a partir do filtro "Odebrecht", como pelos valores mencionados na delação.
OUTRO LADO
André Puccinelli defendeu-se que toda a negociação foi acompanhada da Procuradoria Geral do Estado. Ele também afirma, categoricamente, que não pediu vantagem pessoal nas tratativas. Veja a nota.
"Sobre notícias de doação de campanha envolvendo meu nome, tenho a esclarecer que:
1 – O governo do estado negociou com o ACOMPANHAMENTO da PGE (Procuradoria Geral do Estado ) uma dívida do governo do PT de 79 milhões por 24 milhões em quatro parcelas fixas e mensais.
2 – EU não pedi qualquer vantagem pessoal mesmo porque tendo exigido junto com a PGE (SETENTA POR CENTO DE DESCONTO), seria inverossímil acreditar que contribuíssem para minha campanha.
3 – Estou à disposição da justiça, como sempre estive, e sou político que sempre abriu mão dos sigilos bancário e fiscal desde o primeiro mandato eletivo, até hoje."
A reportagem do Correio do Estado não conseguiu contato com Edson Giroto até a publicação desta matéria.