Para o general-de-brigada José Eustáquio Nogueira Guimarães, diretor do Centro de Estudos Estratégicos da Escola Superior de Guerra (ESG),'a abordagem inadequada desses temas pode evoluir para crises de grande apelo midiático mundial'
15/11/2017 08h01 Por Agência Senado
Distante dos grandes conflitos internacionais, o Brasil tem a tarefa de proteger o meio ambiente, em especial a Amazônia, e os povos indígenas.
Para o general-de-brigada José Eustáquio Nogueira Guimarães, diretor do Centro de Estudos Estratégicos da Escola Superior de Guerra (ESG),"a abordagem inadequada desses temas pode evoluir para crises de grande apelo midiático mundial".
O general, ouvido na segunda-feira (13) pela Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE), também afirmou que por estar afastado em termos geopolíticos, o país tem a vantagem de poder ampliar sua base militar sem preocupar outros países.
O Brasil não é visto como ameaça. O Atlântico Sul é de pouco interesse estratégico e de baixa conflitividade internacional.
A tendência de multipolaridade tende a tornar o mundo mais instável, e a crescente evolução do poder econômico exige correspondente fortalecimento da capacidade militar do Brasil, a fim de respaldar a tomada de decisão pelo governo brasileiro de forma soberana — afirmou.
Já Eduardo Marson Ferreira, presidente da Fundação Ezute — uma organização sem fins lucrativos especializada em soluções em tecnologia e gestão — disse que a indústria brasileira de defesa se insere um mundo de extrema volatilidade, com muita incerteza e complexidade.
Quanto à ocorrência de conflitos, Ferreira disse que a América Latina apresenta uma tendência completamente diferente das diversas regiões do planeta.
Em 2016, ressaltou, o mundo gastou US$ 1,7 trilhão em defesa, com a hegemonia dos Estados Unidos no setor — o Brasil respondeu por 1,4% desse montante.
Ferreira disse ainda que a discussão sobre competitividade na indústria bélica deve levar em conta o uso de tecnologias que barateiam o custo do lançamento de satélites e dispensam o uso comercial de bases militares como a de Alcântara, no Maranhão.
O diretor do Departamento de Assuntos de Defesa e Segurança do Ministério das Relações Exteriores, embaixador Nelson Antônio Tabajara de Oliveira, destacou que a insegurança atual aponta para um mundo de futuro incerto.
Oliveira ressaltou que a insegurança atinge os países internamente e também compromete a paz internacional.
Ele também observou que a estratégia global de segurança da Europa vai além de suas fronteiras, visto que o continente é alvo de ações terroristas e atrai um grande fluxo de migrantes.
A audiência pública interativa integrou o ciclo de debates O Brasil e a Ordem Internacional: Estender pontes ou erguer barreiras?, promovido pela CRE.