A CEPAL citou no relatório dados da rede internacional de pesquisadores World Wealth and Income Database, que reúne informações tributárias para estimar a desigualdade de renda nos países
27/12/2017 09h04 - Por ONU
No Brasil, o 1% mais rico fica com 27% da renda nacional. A CEPAL citou dados da rede internacional de pesquisadores World Wealth and Income Database, que reúne informações tributárias para estimar a desigualdade de renda nos países.
Entre 22 países analisados, o Brasil lidera a concentração de riqueza nas mãos do 1% mais rico da população, segundo relatório "Panorama Social da América Latina 2017", divulgado na quarta-feira (20) pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL).
A CEPAL citou no relatório dados da rede internacional de pesquisadores World Wealth and Income Database, que reúne informações tributárias para estimar a desigualdade de renda nos países.
Segundo informações da rede de pesquisadores, o 1% mais rico da população brasileira concentra 27,8% da renda total do país, apontam dados de 2015.
Depois do Brasil, os países que mais concentram renda nas mãos do 1% mais rico são Colômbia, Estados Unidos, Argentina e Uruguai.
O estudo cita tanto a média simples do período de 1990 a 2015 quanto números do último ano com dados disponíveis.
Na Colômbia, o 1% mais rico concentra 20,4% da renda do país, apontam dados de 2010, últimos disponíveis.
Nos EUA, o topo da pirâmide concentra 20,2% da renda total, segundo dados de 2014, e na Argentina, 16,7%, apontam dados de 2004. No Uruguai, o 1% mais rico concentra 14%, de acordo com informações de 2012.
No outro lado do gráfico, os três países que menos concentram renda entre o 1% mais rico são Holanda (6,3%), Dinamarca (6.4%), Finlândia (7,4%).
Com exceção dos EUA, os dados mostram que a participação do 1% mais rico na renda total tende a ser maior nos países latino-americanos que nos países desenvolvidos de diferentes regiões do mundo, segundo a CEPAL.
O organismo internacional lembra que isso se verifica tanto ao considerar a média simples de toda a série como a medição do último ano analisado.
O estudo lembra que as estimativas de desigualdade feitas com base em dados tributários ou contas nacionais são muito maiores do que aquelas elaboradas a partir de pesquisas domiciliares.
"As medições da desigualdade na distribuição de renda baseadas exclusivamente em dados das pesquisas domiciliares subestimam a magnitude do fenômeno" na região, disse a CEPAL no relatório.
Segundo o organismo internacional, as pesquisas domiciliares não conseguem captar adequadamente os lares de renda muito alta, seja por problemas de cobertura ou por falta de respostas.
As primeiras análises da desigualdade baseadas em informações tributárias foram feitas nos países desenvolvidos, como estudos do economista francês Thomas Piketty em 2003, 2007 e 2010.
Na América Latina, as medições deste tipo são ainda escassas, mas seu número tende a aumentar, disse a CEPAL.
Os estudos distributivos baseados em registros tributários e contas nacionais se caracterizam por uma grande variedade de enfoques metodológicos, o que dificulta a comparação entre os países e inclusive dentro deles, lembrou o organismo internacional.
Dessa forma, as estimativas mais comparáveis de desigualdade baseadas exclusivamente em registros tributários são as da World and Income Database que, por enquanto, só inclui quatro países da região (Argentina, Brasil, Colômbia e Uruguai).
"Além de maiores níveis de desigualdade de renda, alguns dos estudos citados mostram tendências que contradizem as obtidas em pesquisas domiciliares", disse a CEPAL.
"Ainda que estas medições não constituam resultados definitivos, suas indicações enfatizam que o problema da má distribuição de renda é algo que está muito longe de desaparecer na região, e que é imperativo avançar para medições mais completas da desigualdade de renda."
A possibilidade de combinar informação tributária e de contas nacionais com as pesquisas domiciliares pode contribuir amplamente para o estudo da desigualdade de renda e a possibilidade de gerar estimativas mais adequadas de sua magnitude e evolução, salientou CEPAL.