Audiência pública na Câmara da Capital expôs mais uma vez problemas do bairro nos arredores da antiga rodoviária velha
Audiência pública na Câmara da Capital expôs mais uma vez problemas do bairro nos arredores da antiga rodoviária velha
27/02/2018 06h56 - Por: Elvio Lopes
fotos - Izaias Medeiros
Um dos bairros mais antigos de Campo Grande e que abriga cerca de 70% da rede hoteleira da Capital, está pedindo socorro às autoridades para resolver um problema que já dura oito anos, desde que o terminal rodoviário mudou para a Avenida Gury Marques, na saída para São Paulo e deixou o comércio no entorno e no próprio condomínio da antiga rodoviária reduzido com a falta de circulação do público. Uma audiência pública realizada na manhã de ontem, na Câmara Municipal de Campo Grande, expôs os problemas vividos pelos comerciantes e moradores do bairro, que pedem providências para com o descaso das autoridades pela região.
Na audiência, convocada pela vereadora Cida Amaral (Podemos), os moradores e comerciantes levaram faixas de protesto mostrando a situação do bairro e afirmando que os impostos são os mesmos de outras regiões da cidade e que os reflexos do abandono podem ser vistos dentro do condomínio e em seu entorno, com moradores de rua e usuários de drogas. "Pagamos nossos impostos e assistimos a uma degradação contínua do bairro por falta de cuidados, como recuperação de ruas e segurança", afirmaram.
A síndica do Centro Comercial Condomínio Terminal do Oeste, Rosana Nely de Lima, lembrou que o prédio contou com diversos órgãos prestadores de serviços, assim como de grande movimentação comercial e gerador de empregos durante 30 anos e que o abandono causa prejuízos na rede hoteleira, explicando que o hóspede leva de Campo Grande a impressão que teve do bairro. "O condomínio e o bairro merecem o respeito, não só da população, mas principalmente do poder público, para revitalizar as áreas públicas, totalmente abandonadas", afirma.
Para o presidente do Conselho Regional dos Corretores de Imóveis de Mato Grosso do Sul, Delso José de Souza, a causa deve ser uma luta de todos os vereadores por uma região que hoje está totalmente desvalorizada. "Não adianta fazer uma reforma no prédio se há risco de depredação durante a madrugada", afirma.
O presidente da Associação de Amigos do Bairro Amambaí, Paulo Pereira destacou que o excesso de usuários de drogas na região é responsável pelo afastamento do público do bairro. "Os moradores se incomodam muito com a presença dos dependentes químicos, dos moradores em situação de rua e precisamos de um trabalho urgente com esta população", pediu.
SEGURANÇA
O secretário municipal de Segurança e Defesa Social, Valério Azambuja, que participou da audiência, anunciou a possibilidade do retorno da Guarda Civil Municipal para a antiga rodoviária, onde a corporação ficou até 2015, quando saiu para ocupar um imóvel arrestado pela Justiça Federal no Jardim dos Estados. O retorno da instituição, segundo o secretário, seria a primeira medida para devolver a segurança no entorno do antigo terminal.
A vice-presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), Heloísa Cury ressaltou que o empresariado tem medo de investir no local por conta do impasse. "Passaram-se três prefeitos e o que ficou foram só promessas. As pessoas tem medo de investir no local, pois não tem certeza se o poder público fará sua parte. O prefeito tem que resolver essa situação. Não dá mais para ficar assim, pois todo o bairro sofre com a desvalorização. A luta é antiga, mas temos que pensar no futuro", afirmou.
APOIO
Os vereadores que participaram da audiência cobraram soluções para o abandono e revitalização do entorno. Valdir Gomes sugeriu a formação de uma comissão forte a partir da audiência pública e destacou que o terminal comportaria algumas secretarias municipais. Wilson Sami disse que os vereadores não podem ficar somente na conversa e que devem agir, tomar uma atitude. "Vamos resgatar o terminal", concluiu.
André Salineiro afirmou que é uma obrigação do poder público zelar pelo antigo terminal e que já discutiu o assunto com o prefeito Marcos Marcello Trad, sugerindo a cessão da área pública pertencente ao município à iniciativa privada. Wellington de Oliveira lembrou que já existem projetos na Câmara para resolver os problemas e defendeu uma participação democrática na busca das soluções.
O vereador João César Mattogrosso pediu união entre poder público e iniciativa privada para requalificar o espaço e lemb rou que sem o poder público, tudo fica mais difícil. "É com esse poder público que estamos conseguindo destravar a revitalização da Feira Central. Tenham a certeza que, nessa gestão, iremos resolver o problema de Campo Grande, que é a rodoviária antiga", finalizou.
A vereadora Enfermeira Cida Amaral, proponente da audiência, confirmou que uma comissão será formada para discutir, junto ao Executivo, uma solução para os lojistas do prédio e moradores da região do bairro. "Vamos, realmente, fazer propostas concretas. Mas, a primeira proposta agora, é colocar a Comissão de Assistência Social da Casa para acompanhar a comissão que será formada. Deixo muito claro que essa comissão não é para papo furado. Não prometo, mas me comprometo com vocês e quero representá-los junto com meus colegas aqui da Câmara", finalizou a parlamentar.
O TERMINAL
A Estação Rodoviária Heitor Eduardo Laburu, que integra o condomínio, foi inaugurada em 16 de outubro de 1976, transformando-se em um dos principais pontos de encontro do campo-grandense, com um terminal urbano de transporte coletivo e dezenas de lojas comerciais e prestadores de serviços, além de agências bancárias e repartições públicas. O terminal rodoviário foi desativado em 31 de janeiro de 2010 e, com a falta dos turistas e viajantes, o movimento reduziu e muitas portas se fecharam. O condomínio conta com 229 salas em 5 mil metros quadrados e 9% da área pertence à Prefeitura de Campo Grande.