Dourados
Entre 2016 e 2017, o Governo Federal reduziu de R$ 285,7 milhões para R$ 132,4 milhões os investimentos no monitoramento de fronteira, uma queda de 54%
Entre 2016 e 2017, o Governo Federal reduziu de R$ 285,7 milhões para R$ 132,4 milhões os investimentos no monitoramento de fronteira, uma queda de 54%
06/03/2018 06h32 - Por: Flávio Verão
Está cada vez mais distante a execução de projetos estratégicos do Exército brasileiro. Ameaçado por causa de corte orçamentário, o Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (Sisfron) é um deles. Levantamento feito pelo portal Uol com base no Siga Brasil e divulgado ontem mostra que de 2016 para 2017 o Governo Federal reduziu de R$ 285,7 milhões para R$ 132,4 milhões os investimentos no monitoramento de fronteira, uma queda de 54%.
Criado de forma piloto no ano de 2013 em Mato Grosso do Sul, o sistema Sisfron está instalado na 4º Brigada de Cavalaria Mecanizada em Dourados. A ferramenta desenvolvida para coibir especialmente o tráfico de drogas e armas, por meio de um sistema de inteligência de comando e controle e integração de operações, patina desde a sua criação.
Planejado para ser implantado ao longo de dez anos para monitorar os quase 17 mil quilômetros de fronteira do País, de norte a sul, os investimentos até agora só foram feitos em parte dos 650 km de fronteira seca de Mato Grosso do Sul, ou seja, em 4% de todo o percurso que deveria estar implantado. Pelo projeto inicial, o Sisfron estaria em total funcionamento em 2022, mas a estimativa, atualmente, já o prolongou para 2035.
O corte de recursos influencia consideravelmente no aumento da violência no País, impactando ainda mais na crise da segurança pública. Mato Grosso do Sul sempre foi conhecido como corredor para o transporte de armas, munições e drogas que vêm de países vizinhos para serem distribuídos principalmente para grandes centros como São Paulo e Rio de Janeiro.
No domingo, por exemplo, duas pessoas foram presas com 500 quilos de maconha, cinco pistolas 9 milímetros (de uso restrito da polícia), um revólver calibre 38 e 900 munições na BR-163, em Campo Grande.
Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), a carga tinha o Rio de Janeiro como destino. Um homem de 40 anos e uma mulher de 30 anos dirigiam duas caminhonetes e confessaram que levariam tudo para uma favela carioca. A PRF apreende uma media de 400 quilos de maconha por dia nas rodovias de Mato Grosso do Sul.
Mais recursos
Há muito tempo, Mato Grosso do Sul aguarda investimentos na segurança de fronteira por parte do Governo Federal. O governador Reinaldo Azambuja já fez várias cobranças em público e, na quinta-feira da semana passada, durante reunião em Brasília com o presidente Michel Temer, a vice-governadora Rose Modesto voltou a reforçar o discurso que a região de fronteira sul-mato-grossense precisa receber tratamento diferenciado por ser rota do tráfico e contrabando de produtos, principalmente armas.
Durante o encontro, o presidente anunciou que os governos estaduais e municípios com mais de 500 mil habitantes vão ter direito a uma linha de crédito de R$ 42 bilhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para criação de sistemas de inteligência e programas de reequipamento das polícias, incluindo compra de armamento. Para este ano, serão R$ 5 bilhões.
O Governo de Mato Grosso do Sul vai ter até abril para apresentar o projeto e solicitar os recursos. Em junho, serão divulgados os aprovados e em agosto começam a ser implantados os programas, segundo cronograma divulgado pela presidência da República. De acordo com Rose Modesto,
Mato Grosso do Sul tem gastado, em média, R$ 120 milhões por ano com os presos transnacionais, aqueles que durante passagem pelo Estado são presos por tráfico e contrabando.
