Muita gente sofre com enxaqueca, mas nem todos sabem que tem a doença. Uma grande parte acredita que seja apenas uma dor de cabeça comum.Embora seja difícil a cura, por ser um fator genético, é possível que ela seja controlada, daí a importância de saber ou não se sua dor de cabeça é enxaqueca, para assim fazer o tratamento adequado e ter uma melhor qualidade de vida.
O médico também falou das dores de cabeça provocadas pelo estresse e daquelas que podem estar indicando uma doença mais grave
03/05/2018 08h30 - Por: Cristina Nunes
Muita gente sofre com enxaqueca, mas nem todos sabem que tem a doença. Uma grande parte acredita que seja apenas uma dor de cabeça comum.
Embora seja difícil a cura, por ser um fator genético, é possível que ela seja controlada, daí a importância de saber ou não se sua dor de cabeça é enxaqueca, para assim fazer o tratamento adequado e ter uma melhor qualidade de vida.
A OMS (Organização Mundial da Saúde) apontou a enxaqueca como uma das doenças mais incapacitantes, pois quando ela chega o corpo todo muda e é praticamente impossível conseguir desenvolver alguma atividade, os afetados só querem ficar quietos e longe de qualquer barulho.
Em Dourados, o neurologista Rodrigo Melo, esclareceu que alguns sintomas e características diferenciam a enxaqueca das dores de cabeça ocasionadas por outros fatores.
Quais as causas mais comuns de uma dor de cabeça?
Rodrigo Melo- As duas principais causas de dor de cabeça são cefaléia tensional e enxaqueca. As duas tem relação direta com estado emocional e estresse.
Como diferenciar uma dor de cabeça ligada ao estresse daquela que pode estar indicando uma doença mais grave?
Rodrigo Melo- Geralmente as dores de cabeça, quando isoladas, não indicam qualquer perigo, e são um dos sintomas mais comuns da população em geral. As pessoas devem estar atentas aos sinais de alarme, que são os sinais que indicam perigo. Os sinais de alarme mais comuns são crises intensas, com ápice da dor ocorrendo dentro do primeiro minuto, de forma explosiva, considerada pelo paciente "a pior crise de dor da vida" (chamada dor de cabeça em thunderclap - quer dizer: dor em trovoada), convulsões sem histórico prévio, dor de cabeça com turvação visual persistente e vômitos intensos ou qualquer sinal neurológico, de início súbito, associado à dor, como alteração de comportamento, perda de força nos membros, alteração de fala e de equilíbrio.
Existem sintomas ou características especificas que diferenciam a enxaqueca das demais dores de cabeça?
Rodrigo Melo- Sim. A enxaqueca tem características bem claras que são: dor unilateral, tipo latejante ou pulsátil, associada a náuseas (enjoos) e/ou vômitos, com sensibilidade à luz, cheiro e barulho. Esse tipo de crise, que dura horas, é incapacitante e interfere claramente nas atividades diárias dos pacientes, de modo que estes querem permanecer em repouso em locais quietos e escuros.
A enxaqueca tem cura?
Rodrigo Melo- A enxaqueca melhora totalmente em 70% das mulheres após a menopausa. Geralmente o paciente entra em períodos longos de melhora se consegue ter uma boa qualidade de sono, pratica exercícios aeróbicos e controla bem fatores de estresse. É importante também prestar atenção em alimentos que podem trazer crises (gatilhos). Como é um fator genético, é difícil falar em cura, falamos, sim em controle satisfatório e remissão de doença.
Existe um tratamento preventivo para a enxaqueca?
Rodrigo Melo- Sim. Primeiramente se recomenda redução no nível de estresse, bom padrão de sono, boa rotina alimentar e de prática esportiva. Quando as crises se tornam muito frequentes, é necessário entrar com medicamentos para o tratamento ativo da doença (em acompanhamento neurológico frequente).
Pacientes com enxaqueca necessitam fazer restrições alimentares ou de algum hábito?
Rodrigo Melo- O paciente deve aprender a reconhecer quais alimentos podem ser gatilhos para suas crises. Os mais comuns relatados são o chocolate, álcool em geral (especialmente o vinho), embutidos, derivados de leite e frituras.
Quem tem dores de cabeça constantes acaba ingerindo muitos analgésicos de venda livre, isso traz prejuízos? Qual a forma correta de tratamento?
Rodrigo Melo- Traz muito prejuízo. A maioria dos pacientes chega ao Neurologista quando já está tomando analgésicos frequentemente, e muitas vezes fazendo até misturas perigosas entres estes analgésicos. A orientação é que se o paciente está tomando analgésicos, duas ou mais vezes por semana, há mais de 60 dias, procure o neurologista, pois provavelmente será necessário um tratamento preventivo e contínuo.