Foram 18 casos no quadrimestre somados aos 70 casos contabilizados pela Polícia Civil no decorrer do ano passado
Foram 18 casos no quadrimestre somados aos 70 casos contabilizados pela Polícia Civil no decorrer do ano passado
18/05/2018 06h32 - Por: Valéria Araújo
A Delegacia de Polícia Civil de Dourados registrou 88 casos de estupros contra crianças (menores de 12 anos) nos últimos 14 meses. De acordo com o delegado regional, Lupersio Degerone, foram 70 casos no decorrer do ano passado somados a 18 casos registrados nos quatro primeiros meses desse ano.
O tema ganha ainda mais repercussão hoje, Dia de Combate ao Abuso e Exploração Sexual Infantil e com a operação da Polícia Civil "Luz da Infância II", que em Dourados prendeu em flagrante uma pessoa.
De acordo com o delegado, esse é um tipo de crime em que em 90% dos casos é necessário que haja a denúncia para que a Polícia Civil possa chegar ao agressor. Isso porque, segundo ele, na maioria dos casos o estupro contra a criança ocorre de forma escondida e geralmente o autor é alguem próximo da família.
O delegado diz ainda que é necessário que as pessoas que estão próximas das crianças prestem cada vez mais atenção ao comprotamento dos filhos. "As mães e os professores podem notar comportamentos de exclusão e medo excessivo, entre outras cararacteristicas e conversar com a criança que pode estar sendo vítima", destaca.
Reserva Indígena
Em Dourados, 70% das denúncias de crimes de estupros contra crianças e adolescentes acontecem na Reserva Indígena. A informação é do Conselho Tutelar, que nos dois primeiros meses desse ano registrou 25 casos no município. As vítimas têm entre 4 e 14 anos e na maioria dos casos são vítimas de pais, padrastros e pessoas próximas. É o caso de um menino indígena que foi estuprado pelo companheiro do pai, na aldeia Bororó, esse ano.
De acordo com a coordenadora do Conselho Tutelar Central de Dourados, Lucielen Leivas Leite Prudente, em relação aos casos de estupros ocorridos na Reserva, a maioria é motivada pelo alto consumo, pelos pais ou familiares, de bebidas alcoólicas. "Outro grave problema é que muitas mães acabam sendo cúmplices desse ato contra as crianças e ainda defendem o marido. Já registramos muitos casos em que a mãe coloca a filha para fora de casa dando razão ao agressor. É um absurdo", destaca.
A coordenadora também têm recebido informações de pontos de prostituição dentro de fora da Reserva e que envolvem crianças indígenas e diz que pretende repassar as autoridades competentes.
Segundo Lucielen, o órgão realizou mais de sete mil atendimentos no ano passado, entre orientações, evasão escolar, violência e demais situações que colocam em risco ou situação de vulnerabilidade as crianças e adolescentes. Se comparado com 2016, houve um aumento de 53% nas denúncias de crimes sexuais e maus tratos.
Para a coordenadora, o aumento no registro de casos de maus-tratos e abuso sexual não está relacionado necessariamente ao aumento da incidência, mas principalmente a uma maior disposição das pessoas em encaminhar as denúncias. "Isso é resultado da intensificação de campanhas de orientação que são desenvolvidas junto às escolas e comunidades. Tanto que é crescente o número de denúncias que chegam principalmente de forma anônima nos serviços disponibilizados, como os Disque 100 e também diretamente ao plantão do Conselho Tutelar. Todos esses casos são averiguados por nossas equipes e, quando é procedente, são tomadas as medidas necessárias", enfatiza.
Denúncias
O telefone de plantão do Conselho Tutelar Central, que atende da Rua Mato Grosso em direção ao Parque do Lago é: 99600 6145. Já o Plantão do Conselho Tutelar Leste, que atende da Rua Mato Grosso ao sentido Leste da cidade é: 98401 2625.