28/08/2018 17h14 - Por: Ademir Baena*
A respiração é um mecanismo reflexo que se instala no primeiro momento de vida. Enquanto ato primário a respiração exerce função vital. A respiração fisiológica, normal, é realizada unicamente através das fossas nasais.
A respiração nasal é fundamental para que haja um desenvolvimento normal e manutenção das estruturas orofaciais.
O nariz não é simplesmente um condutor passivo pelo qual o ar é captado da atmosfera e dirigido para dentro da faringe. É um órgão altamente especializado que realiza três importantes funções respiratórias: umidificação, aquecimento do ar inspirado e proteção das vias aéreas superiores.
A fisiologia do nariz não pode ser separada do restante do trato respiratório, uma vez que sua função primordial é o preparo do ar para que haja um melhor aproveitamento deste nos pulmões. Há outras funções relacionadas à olfação, ressonância da voz, etc.
No nariz, o ar é filtrado, aquecido a 37 graus e umidificado a 100%. Além disso, é na cavidade nasal que se encontra a primeira barreira imunológica contra agentes agressores.
A respiração bucal só é solicitada como complemento, por ocasião de grandes esforços físicos, temperaturas externas anormalmente baixas ou quando, a obstrução nasal é total. Pode ainda, estar associada, quando a boca não se fecha e quando a língua se apresenta baixa.
Sabemos que a respiração bucal não deve ser considerada uma alternativa fisiológica e sim uma condição patológica. Além disso, a respiração bucal pode acarretar consequências mais graves, por não promover um preparo adequado do ar inspirado. Consequentemente, há um rendimento muito menor no aproveitamento do oxigênio, sendo necessário um maior esforço respiratório, não só no repouso, mas principalmente, durante exercícios físicos.
Quando se constata obstrução nasal por alterações orgânicas (exemplo: hipertrofia de adenoides ou espessamento da mucosa, devido a problemas alérgicos) ou desvio de septo nasal, resfriados crônicos, a respiração com certeza será modificada, apresentando-se mista ou predominantemente bucal. O indivíduo passa a ter uma voz frequentemente anasalada. Além de interferir na qualidade vocal, a respiração bucal trará alterações musculares e ósseas (principalmente durante a fase de crescimento), podendo acarretar ainda problemas maiores à saúde.
Tem se observada possível consequência de uma respiração bucal, de forma direta ou indireta, tais como: otite catarral, alterações da forma do nariz, mordida aberta anterior, mordida cruzada posterior, olheiras, palato ogival, normalmente se observa que muitas crianças apresentam rendimento físico ou escolar diminuído, lábios, língua ou bochechas hipotonicas, crescimento facial alterado, alterações na fala, em decorrência de deformidades orofaciais ou disacusias ( o que pode comprometer a alfabetização ), alterações na dinâmica corporal, como agitação, insônia, apresentam um sono muito agitado, há ainda sonolência durante o dia, o que pode interferir na atenção da criança na escola, podendo prejudicar o aprendizado, incoordenação global, inapetência, crescimento físico diminuído.
O respirador bucal, como vimos, apresenta uma série de alterações, frente a tais diversidades, necessitam de uma abordagem multidisciplinar. Essa equipe deve ser composta por fonoaudiólogos, otorrinolaringologistas, ortodontistas, odontopediatras, pediatras, entre outros. Assim é importante, que pais, professores, enfim àquelas pessoas que convivem com a criança, diante desta situação, procure o especialista, para juntos, buscar uma melhor qualidade de vida para o respirador bucal.