Porém, não é rara a confusão das crises de pânico com problemas no coração. Mas como diferenciar os sintomas?
12/10/2018 13h04 - Por Blog da Saúde
Dores no peito, taquicardia, dificuldade para respirar e muito medo de morrer. Todos esses sintomas, que podem parecer de um infarto, são algumas das características dos ataques de pânico.
Porém, não é rara a confusão das crises de pânico com problemas no coração. Mas como diferenciar os sintomas?
R F, 30 anos, convive com as crises de pânico há quatro anos e conta que no início acreditava ter realmente sérios problemas cardíacos. "Um dia comecei a sentir muita tontura e do nada meu coração começou a acelerar.
Acelerou muito e comecei a sentir uma sensação de morte iminente. Parecia que eu estava morrendo, pensei que fosse desmaiar.
Naquele momento, me levaram para o hospital, fizeram alguns testes e não deu nada", lembra.
Quirino Cordeiro, Coordenador-Geral de Saúde Mental do Ministério da Saúde, esclarece que o transtorno de pânico é caracterizado como uma doença ansiosa, ou seja, a pessoa que tem ataques de pânico apresenta crises importantes de ansiedade que muitas vezes acontecem sem motivos reais.
"Em geral, essas crises de ansiedade não têm um fator que a deflagra.
A pessoa pode estar em um ambiente calmo, tranquilo e mesmo assim apresentar uma grave crise de pânico.
Durante uma crise um indivíduo pode ter sintomas como taquicardia, dificuldade para respirar e tremores, que são os sintomas físicos.
Mas também existem sintomas psíquicos, como sensação de morte eminente, uma angustia muito grande e muito medo", esclarece.
A síndrome do pânico, ou transtorno de pânico, é caracterizada pela presença recorrente de crises de ansiedade.
"A característica principal do transtorno são as crises esporádicas que duram alguns minutos e têm forte intensidade.
É importante se atentar que uma pessoa pode ter uma crise em determinada situação e não ter um transtorno de pânico. Nesse caso, o que identifica a síndrome são as crises recorrentes", explica Quirino.
No caso de Renata, foram exatamente as crises constantes que a levaram a procurar o tratamento adequado.
"Na primeira crise achei que seria um episódio isolado, que nunca mais teria esses sintomas. Mas as crises se repetiram várias e várias vezes.
No trabalho eu chegava a precisar sair correndo para o banheiro me sentindo muito mal enquanto estava atendendo um cliente. Inicialmente, eu passei por vários cardiologistas e fiz todos os exames possíveis. Até que um dos médicos me falou que meu problema poderia ser psicológico.
Nesse momento eu procurei um psiquiatra e tive o diagnóstico. Desde então, eu uso medicamentos, mas é uma luta diária para conseguir fazer todas as coisas", conta.
Cordeiro explica que quando se trata de uma crise esporádica, não é necessário ir ao serviço de saúde. Mas, quando as crises são recorrentes, é importante procurar atenção médica para começar o tratamento.
"Existem medicamentos para auxiliar nesse transtorno, em geral são utilizados antidepressivos, que apesar do nome e serem usados também no tratamento da depressão, também são utilizados com bastante sucesso no tratamento do transtorno de pânico.
E existem também tratamentos de outras ordens, como psicoterapia que também podem ajudar", esclarece.
Além disso, o coordenador explica ainda que é importante que pessoas com transtorno de pânico procurem tratamento para que os sintomas não piorem, já que é comum apresentar outros transtornos mentais simultâneos.
"Não é incomum que pessoas com transtorno de pânico também apresentem quadros depressivos e algumas fobias.
Por exemplo, pessoas que têm transtorno de pânico sem tratamento podem apresentar o que se chamamos de agorafobia.
Que é uma dificuldade de se expor a situações onde ele acha que ele pode ter um ataque de pânico e não ter um acolhimento, não ter um cuidado especifico.
O indivíduo começa a ficar mais isolado, com dificuldade de sair porque ele acredita que pode ter um ataque a qualquer momento", alerta.
O SUS disponibiliza assistência psicológica aos pacientes e seus familiares por meio da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS).
Se precisar de ajuda, procure o CAPS (Centro de Atenção Psicossocial) ou uma unidade de saúde da sua cidade.
Precisa conversar? Em todo o Brasil existe o CVV — Centro de Valorização da Vida, que realiza apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo por telefone, email e chat 24 horas todos os dias.
Basta uma ligação para 141 ou, se preferir, acessar um atendente especializado on-line no site.