O Estado é a principal rota de entrada do contrabando no Brasil e por isso nota-se uma ascensão e apresenta um aumento circunstancial no volume de vendas
O Estado é a principal rota de entrada do contrabando no Brasil e por isso nota-se uma ascensão e apresenta um aumento circunstancial no volume de vendas
30/10/2018 07h01 - DouradosAgora
A comercialização de cigarros contrabandeados no estado do Mato Grosso do Sul foi responsável por um rombo na arrecadação de impostos no valor de R$ 51 milhões em 2017, o que representa um volume de 497 milhões de unidades de cigarros circulando livremente no mercado. Apesar dos esforços das autoridades para combater esse tipo de crime, aproximadamente 54% de todos cigarros que circulam no Brasil são frutos de mercadorias contrabandeadas do Paraguai, segundo o Ibope
"Esses números representam 62% de participação de todo o mercado de venda de cigarros no Estado – são dados alarmantes. O aumento do contrabando acontece em decorrência da crise econômica, da fragilidade das fronteiras e, principalmente, em função do aumento contínuo de impostos" afirma Edson Vismona, presidente do Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial (ETCO), entidade que lidera o Movimento em Defesa do Mercado Legal Brasileiro, que representa mais de 70 associações de setores diretamente afetados pela ilegalidade.
Este cenário do mercado ilegal no Mato Grosso do Sul é um dos mais preocupantes em todo país e se comparado à média nacional, é ainda maior. O estado é a principal rota de entrada do contrabando no Brasil e por isso nota-se uma ascensão e apresenta um aumento circunstancial no volume de vendas.
Nos últimos três anos, a participação do mercado ilegal aumentou de 45% para 62% (maior índice do país e acima da média nacional) - um crescimento de 17p.p. Durante o mesmo período, o volume atingiu 57% - passando de 317 para 497 Milhões de unidades de cigarros. O que representa um crescimento circunstancial de 72% também na evasão fiscal (de R$ 30 milhões para R$ 51 milhões).
A marca de cigarros lider de mercado regional (EURO) que é proveniente do contrabando atingiu 17% de share e também apontou crescimento de 13 p.p.
O Estado do Mato Grosso do Sul é um dos principais destinos do contrabando oriundo do Paraguay. Uma das principais portas de entrada de contrabando para o Brasil, principalmente de cigarros que depois seguem para diversas cidades na região Sudeste, Centro e Nordeste. Principalmente na MS-165, MS-385, MS-267 e MS-299;
"25% das apreensões que são efetuadas no Brasil ocorrem dentro do Mato Grosso do Sul, o que mostra a questão estratégica para o país de cuidar dessas fronteiras, principalmente dentro do estado" - Henry Tamashiro de Oliveira, auditor-fiscal da Receita Federal
Ao longo dos últimos anos ocorreram aumentos desproporcionais de impostos na indústria formal de cigarros. Desde 2015, o governo brasileiro já elevou a taxa de diversos impostos em dozes vezes. "Esses aumentos contribuíram para ampliar a diferença entre os preços praticados nos mercados formal e ilegal e, como consequência, parte significativa do volume do mercado formal migrou para a ilegalidade", finaliza Vismona.
Ao todo, o mercado ilegal de cigarros no Brasil gera R$ 44 bilhões em evasão tributária na indústria deste setor ao longo dos últimos seis anos. Além da evasão fiscal, o contrabando, a falsificação e a pirataria provocam uma concorrência desleal no mercado, inibindo novos investimentos das empresas que atuam na legalidade, fomentando o desemprego e a violação às regulações estabelecidas pelos órgãos de saúde pública.
O contrabando de cigarros ainda tem uma forte relação com crimes de lavagem de dinheiro, tráfico de drogas e armas e organizações criminosas. A ocorrência de roubos de cargas vem mostrando uma ascensão vertiginosa nos últimos anos. Em 2018, houve um incremento de 55% nos eventos quando comparado com o ano anterior, sendo Rio de Janeiro e São Paulo as regiões mais afetadas, com um crescimento de 245% e 50% respectivamente, quando comparados à 2017.
Medidas necessárias
"Atacar o contrabando é uma medida extremamente efetiva para a recuperação econômica e colabora duramente para o fim do tráfico e do crime nas cidades brasileiras. Combater esse problema, no entanto, não é apenas papel do governo", acredita Edson Vismona. Empresas e sociedade em geral devem trabalhar em conjunto para coibir essa prática ilegal. É necessário incentivar a desburocratização e simplificar o Sistema Tributário, garantir recursos financeiros, humanos e tecnológicos com atenção especial para fronteiras, promover a integração nas áreas de inteligência, gestão e operacional entre os Poderes Executivos, Legislativo e Judiciário, no Brasil, bem como com os países vizinhos, entre outras iniciativas.