Dourados

Dourados tem potencial para eliminar heranças negativas

***Como o senhor, historiador, projeta o futuro de Dourados? Quais as tendências, quanto ao desenvolvimento em geral?*** Pergunta difícil... Como diz a sabedoria convencional, o futuro será aquilo que fizermos dele. Essa é uma afirmação meio pueril mas não deixa de ser verdadeira. Quer dizer, se a gente desconsiderar eventos catastróficos, tipo a queda de um meteoro, que são eventos possíveis mas muito improváveis, então o que sobra para o futuro depende realmente em grande parte daquilo que construímos hoje. E o futuro está aberto a muitas possibilidades. O que queremos valorizar? O quantitativo ou o qualitativo? Para chegarmos até aqui, nós criamos muitas coisas boas mas criamos também muitos problemas. Nós vimos derrubando nossas matas e poluindo nossos rios desde os anos 1940, vimos confinando nossos indígenas desde 1900 e pouco... Nós vimos expandindo nosso perímetro urbano de forma desmesurada, sobrecarregando desnecessariamente os serviços públicos e criando uma periferia cheia de carências. Acho que, se continuarmos nessa mesma toada, nosso futuro não será muito agradável. Mas a boa notícia é que nós temos um imenso potencial para continuarmos crescendo, economicamente, e ao mesmo tempo irmos eliminando nossas heranças negativas. Para isso, acho que devemos valorizar o conhecimento, a ciência, as modernas tecnologias (e nesse campo, aliás, temos as vantagens que nos são conferidas pela nossa condição de cidade universitária). Temos todas as condições para investirmos na economia limpa, na inclusão social, no transporte urbano inteligente. Então, sendo-me permitido sonhar, eu sonho com um futuro em que seremos uma cidade, seja média ou grande, mas que seja amigável com seus cidadãos, que lhes permita desfrutar da cidade independentemente do grupo social ou da etnia a que pertençam.