20/12/2018 07h53 - Por: Odila Schwingel Lange*
Há 83 anos atrás Na poeira e no sertão Nasceu um pequeno povoado Fruto da luta e união De um povo corajoso Com amor no coração!
Vários nomes recebeu Até enfim ser batizado Com este nome imponente Que despertou o agrado De quem fincou suas raízes, Aqui no chão colorado!
Veio gente de todo lado Para achar aqui o seu canto E Dourados recebeu a todos, Abrigando-os em seu manto. Enfrentaram duras labutas Mas sem perder o encanto!
Para chegar na capital, Levava várias semanas No lombo duro do burro, Por cerrados e savanas, Passavam noites em vigília, Sem descansar as pestanas!
Muitos perigos enfrentaram Esses heróis do sertão, Enfrentando ferro e fogo, Por um naquinho de pão, Lutando não só com o corpo, Mas com a alma e o coração!
Nem tudo, porém foi glória, Muitos tombaram em batalha. Vontade, persistência e coragem Nunca foi fogo de palha E o sangue dos conquistadores Por esta terra se espalha!
E recebendo a semente Deste povo lutador, Dourados, enfim, prosperou Entre o espinho e a flor, Alça voo nas alturas, Com a firmeza de um condor!
Muitos tombaram com glória Para deixar seu legado, E a terra ficou vermelha Com o sangue derramado, Plantando a Ordem e o Progresso Aqui no chão colorado!
Não vou aqui justificar O que foi certo ou errado, Defender o inocente Ou crucificar o culpado, Da chama da esperança Colhemos hoje o resultado!
E Dourados abriu suas portas Para receber o migrante, E um povo miscigenado Com o orgulho inflamante Se estabeleceu nesta terra Com a força de um gigante!
E também vieram imigrantes De vários outros continentes, Pensando só no futuro Olhando lá para frente E no oásis do centro-oeste Sentou praça firmemente! Não importam os seus nomes, Isto eu deixo para a História. Como "poetisa guerreira" Eu venho cantar a glória, Fazendo versos e rimas Mas sem forçar a memória!
E ficaram as controvérsias Sobre quem foi herói ou vilão, Por isso não cito nomes Para evitar discussão, Só quero com simples versos, Enaltecer este chão!
Mas nem tudo aqui são flores, Existem muitas mazelas, Neste solo abençoado, Tem fome, desemprego e favelas Mas o sol brilha para todos, Pelas portas ou janelas!
Mas não vim falar de tristezas, Pois hoje é dia de festa E canto minha Dourados, Com hinos, poemas e seresta Sou a "poetisa guerreira" E isto ninguém contesta!
E quem não estiver de acordo Com o curso deste rio, Que faça outro poema Contando tudo que viu, Como cordelista afamada, Topo qualquer desafio!
Concordando com o adágo De quem luta um dia vence, Não sou filha desta terra Mas este título a mim pertence, A Câmara determinou "Sou cidadã Douradense"!
*A autora é professora, advogada, membro fundadora da Academia Douradense de Letrase da Academia de Letras do Brasil.