04/06/2012 05h30 – Atualizado em 04/06/2012 05h30
Para professores de economia Dércio Munhoz e João Sicsú, ouvidos pela Representação Brasileira no Parlasul, governo deve rever forma de combater crise, mas sem a austeridade adotada na Europa.
Em audiência pública na Representação Brasileira no Parlasul, sexta-feira, os professores de economia Dércio Munhoz e João Sicsú cobraram medidas mais diretas do governo para estímular a economia e enfrentar a crise.
Para eles, a atual crise europeia encontra o Brasil num cenário diferente do verificado em 2008, o que obriga o governo a rever suas medidas de combate à recessão.
Eles salientaram, porém, que pacotes de austeridade como os adotados na Europa “não levaram a lugar algum” e os investimentos estatais são essenciais para garantir a recuperação econômica.
Além de responderem às perguntas de Roberto Requião (PMDB-PR), presidente da comissão, e Ana Amélia (PP-RS), os debatedores também receberam perguntas de telespectadores da TV Senado e internautas.
Dércio Munhoz lembrou que o Mercosul sofreu por muito tempo com a “ilusão” de seguir o exemplo da Europa, mas não consegue garantir competitividade aos parceiros menores.
Para ele, em 2003 a China transformou a economia mundial, elevando a demanda e trazendo à América do Sul um “período áureo”, mas o Brasil cresceu menos que os vizinhos. Agora, a demanda da China não é mais a mesma.
O Brasil chega numa situação de volta aos anos 90: câmbio valorizado e renda das famílias arrochada — afirmou.
João Sicsú lembrou que na crise de 2008 os empresários “puxaram o freio”, mas o governo adotou medidas capazes de atenuar a recessão. Na crise de 2011, no entanto, o crescimento estava em baixa.
Para ele, a redução dos juros não será suficiente para reerguer a economia e a ação do governo precisa ser incisiva.
Essa situação de desânimo vai impor ao governo o desafio de elaborar políticas com efeitos mais diretos. Não podemos criticar a política europeia e fazer algo semelhante — disse.
Sicsú propõe, por exemplo, a redução do comprometimento da receita dos estados com pagamento de dívidas à União.(Jornal do Senado)