Dourados
21/08/2014 08h08 - Atualizado em 21/08/2014 08h08
Marli Lange
Dourados está ampliando a exploração do Aquífero Guarani, considerada uma das maiores reservas de água doce subterrânea do mundo. Dos oito Estados brasileiros contemplados com o aquífero, Mato Grosso do Sul é o que possui a mais extensa área, com 213 mil km². Para aproveitar este potencial e evitar um desabastecimento futuro na cidade, o projeto tem como meta ativar mais oito super poços.
O ‘super poço’ chamado de ‘Dourados 30’, que começou entrar em atividade ontem, cuja previsão é gerar, em média, 120 mil litros/h, vai abastecer a região do Jardim Ouro Verde até o Guaicurus. O ‘Dourados 33’ vai gerar, em média, 250 mil litros/h e deve iniciar as atividades até o fim do ano. Cada super poço, abastecido pelo Aquífero Guarani, tem uma profundidade de 650 metros.
Os outros seis super poços, provavelmente devem começar a perfuração até o fim deste ano ou inicio de 2015, vai depender do processo de licitação que está sendo feito pela Sanesul.
Esses seis juntos vão produzir aproximadamente 30 milhões de litros de água por dia. Será um incremento de 65% no abastecimento da cidade. Os primeiros três serão perfurados na região das Sitiocas Campo Belo e Ouro Fino e um na Estação de Tratamento de Água (ETA). Outros três serão nas regiões da Unigran, do Córrego Laranja Doce e no fundo do Portalzinho.
Os super poços têm uma expectativa de bastecimento até 2042, segundo o gerente regional da Empresa de Saneamento de Mato Grosso do Sul (Sanesul) Paulo Cesar Marques Torraca.
SERRA GERAL
Exceto esses oito super poços abastecidos pelo Aquífero Guarani, a cidade também será abastecida por dois ‘poços tubular profundo’, cuja água é extraída do Aquífero Serra Geral. O ‘Dourados 34’ vai produzir, em média, 80 mil litros de água/h e o ‘Dourados 35’, em média, 40 mil litros/h. Os serão ativados até o fim do ano. Cada poço tubular profundo tem 150 a 200 metros de profundidade.
ABASTECIMENTO
Atualmente, 80% das residências de Dourados são abastecidas pelo Rio Dourados e 20% por dois super poços que extraem água do Aquífero Guarani. Um está localizado na região do Jardim Santa Brigida e outro na sede regional da Sanesul, na Rua Presidente Vargas. Hoje Dourados produz 55 milhões de litros por dia.
AQUÍFERO GUARANI
Aquífero Guarani foi o nome que, em 1996, o geólogo uruguaio Danilo Anton propôs para denominar um imenso aquífero que abrange partes dos territórios do Uruguai, Argentina, Paraguai e principalmente Brasil, ocupando 1 200 000 km². Na ocasião, ele chegou a ser considerado o maior do mundo, capaz de abastecer a população brasileira durante 2500 anos. A maior reserva atualmente conhecida é o Aquífero Alter do Chão.
O Aquífero Guarani é imenso, mas menor do que se supunha e, sobretudo, com volume e qualidade da água inferiores aos estimados inicialmente. Além disso, é descontínuo, como na região de Ponta Grossa (PR), e heterogêneo. Um dos mais importantes estudos feitos sobre ele foi desenvolvido pelo geólogo José Luiz Flores Machado, do Serviço Geológico do Brasil.
A maior parte (70% ou 840 mil km²) da área ocupada pelo aquífero — cerca de 1 200 000 km² — está no subsolo do centro-sudoeste do Brasil. O restante se distribui entre o nordeste da Argentina (255 mil km²), noroeste do Uruguai (58500 km²) e sudeste do Paraguai (58500 km²), nas bacias do rio Paraná e do Chaco-Paraná.
No Brasil, oito estados são abrangidos pelo aquífero Guarani. Na cidade de Ribeirão Preto em São Paulo é toda abastecida por água subterrânea extraída dele. Já em Santa Catarina e Paraná, em extensas áreas do aquífero a água não é potável, por excesso de sais. Mato Grosso, Goiás e Minas Gerais são estados que requerem mais estudos, embora neles as águas tendam a ter boa qualidade.
Em outros estados, já foram registradas vazões da ordem de 800.000 litros por hora. Em muitas áreas a água não é potável, mas é ótima para estâncias turísticas de águas minerais e termais. A água de melhor qualidade do Aquífero Guarani em geral está nos bordos das áreas de afloramento do aquífero e seus arredores. As maiores áreas com água de boa qualidade ficam em São Paulo, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul e Paraguai. (O Progresso)
