22/04/2014 07h40 - Atualizado em 22/04/2014 07h40
Ao todo, 120 mil trabalhadores cruzam os braços por tempo indeterminado em MS. Em Dourados são mais de 10 mil trabalhadores em obras públicas e privadas que param por tempo indeterminado. Concentração será na Capital
Valéria Araújo
Greve paralisa construção civil em Mato Grosso do Sul Mais de 120 mil trabalhadores da construção civil de Mato Grosso do Sul entram em greve a partir de amanhã. Somente em Dourados são mais de 10 mil funcionários. A paralisação por tempo indeterminado acontece como resposta à negativa da classe empresarial de promover aumento salarial. De acordo com o presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Civil e do Mobiliário de Campo Grande (Sintracom), José Abelha Neto, os trabalhadores reivindicam 30% de reajuste para os pisos salariais e 15% para quem ganha acima do piso. A decisão da categoria foi tomada em assembleia geral realizada na semana passada.
“Hoje vamos intensificar essa informação e a partir de quarta-feira faremos uma paralisação geral das obras do Estado. A concentração acontece em Campo Grande”, afirmou José Abelha. Segundo ele, a última assembleia da categoria foi marcada pela participação ativa dos trabalhadores que, durante o debate, rejeitaram as propostas oferecidas pelos patrões. “A Proposta do Sinduscon-MS, não cobre sequer a inflação do ano”, critica Abelha Neto sobre os 5,39% oferecidos pelos empresários.
O Sintracom, segundo Abelha Neto, pede equiparação com os salários pagos, pelo mesmo trabalho em outros estados da federação, como São Paulo, onde os valores chegam a 30% de diferença do valor pago aos trabalhadores no Mato Grosso do Sul.
Os trabalhadores reclamaram também que a proposta de equiparação salarial com os trabalhadores de São Paulo está nas mãos dos empresários há mais de 70 dias. “Eles não deram bola e só agora apareceram com 5,39%, uma miséria de reajuste”, afirmou o sindicalista.
Para reforçar o movimento de greve, o Sintracom vai contar com o apoio de uma central de trabalhadores e da Federação dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Civil e do Mobiliário de Mato Grosso do Sul, a Fetricom/MS.
Crescimento do Setor
Levantamento recente da Federação das Indústrias de Mato Grosso do Sul (Fiems)mostra que a indústria da construção civil no Estadoestima crescer em torno de 3,5% neste ano em relação ao faturamento de R$ 2,26 bilhões obtido no ano passado, representando algo em torno de R$ 2,33 bilhões.
A estimativa mantém o mesmo índice de 2013, com possibilidade de retração, conforme avaliação do presidente do Sinduscon/MS (Sindicato Intermunicipal da Indústria da Construção de Mato Grosso do Sul), Amarildo Miranda Melo.
Ele explica que a indústria da construção civil enfrenta entraves com o governo. “Temos muita demora em relação às licenças ambientais, licenças construtivas, alvarás, habites e registro de imóveis. Isso tem atrapalhado o segmento e, por isso, o empresariado entra o ano ainda receoso”, disse. Outro fator que tem freado um crescimento maior do segmento são os preços.