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terça-feira, 7 de maio de 2024

Rio Dourados pode virar um Taquari

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Marcos Santos/O Progresso
O Rio Dourados, que nasce em Antônio João e percorre mais de 380 quilômetros até desaguar no Rio Brilhante, em Deodápolis, corre o risco de virar um Rio Taquari em virtude do assoreamento que já é visível em diversos pontos do leito e da destruição da mata ciliar que hoje é de apenas 12% da mata original. Pesquisadores da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) desenvolvem há mais de três anos um estudo sobre os prejuízos ambientais proporcionados pelo homem ao Rio Dourados. O tema acabou virando tese de Mestrado e Dourados de dois professores da UFGD, contendo informações que devem cair como uma bomba entre os municípios que são banhados pelo mais importante rio da região.

O professor engenheiro florestal e professor universitário Omar Daniel foi pioneiro no estudo que apontou a destruição da mata ciliar do Rio Dourados e chegou, inclusive, a encaminhar o resultado da pesquisa ao Ministério Público Estadual. Durante dois anos, Omar Daniel percorreu os 380 quilômetros do rio, desde a nascente que está localizada em uma fazenda, até a foz, no município de Deodápolis. “Constatamos que o Rio Dourados tem apenas 12% de mata nativa e, mais grave, deste total somente 7% são de vegetação original, com o rio apresentando mais de 190 pontos críticos”, explica o pesquisador.

De acordo com o estudo, publicado na revista geográfica da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), apenas 20% dos 380 quilômetros do Rio Dourados se enquadram na lei ambiental no que diz respeito a preservação de matas ciliares. “Esta situação foi provocada por três décadas de colonização desordenada na região, na exploração da agricultura, pecuária e na extração de cascalho”, explica Daniel. “A situação só não é pior, como a do Rio Taquari, em Coxim, por exemplo, porque metade do solo do Rio Dourados é de terra roxa, considerado bem mais resistente que o solo arenoso presente apenas na margem direita do rio”, conclui. Segundo o pesquisador, em alguns pontos ao longo dos 380 quilômetros pesquisados, a agricultura chega praticamente a beira da água.

Segundo Omar Daniel, o assoreamento da bacia, além de destruir o rio aos poucos, também é responsável pelo desaparecimento de cardumes que, em função da diminuição do nível e o conseqüente escurecimento da água, permite que apenas espécies de pequeno e médio porte subam até as cabeceiras no período da piracema. A diminuição da lâmina d’água chegou ao ponto tão drástico que, em alguns trechos que antes só era possível a travessia em barcos, hoje as pessoas caminham de um lado para o outro da margem.

O pesquisador alerta que a destruição do Rio Dourados pode acarretar graves conseqüências para 11 municípios da região, mas o prejuízo maior ficará mesmo com Dourados porque a quase totalidade da água potável servida pela Empresa de Saneamento Básico de Mato Grosso do Sul (Sanesul) é captada do Rio Dourados através de adutoras. Preocupado com a situação, o Ministério Público Estadual chegou a ensaiar a realização de um estudo técnico para mapear a situação do rio, mas não pode levar o trabalho adiante em virtude do alto custo da pesquisa.

O estudo teria a finalidade de identificar todas as propriedades que fazem margem com o Rio Dourados para, posterior, desenvolvimento de um trabalho de recuperação da mata ciliar, já que esta é uma das formas mais eficazes de preservar o leito do rio, além de proteger toda fauna e flora da região. A mata ciliar serve como filtros contra a poluição e protege o rio do assoreamento.

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