28.8 C
Dourados
terça-feira, 7 de maio de 2024

Indígenas de Dourados usam ervas medicinais contra o coronavírus

- Publicidade -

21/08/2020 09h29 – Por: Valéria Araújo/ O Progresso

O conhecimento ancestral da etnia kaiowa tem ajudado no combate a Covid-19. A rezadora Alda Silva, presidente do Centro Organizacional da Etnia Kaiowá de Dourados, busca na natureza a medicação necessária para aliviar os sintomas da doença. O preparo leva em conta a mistura de ervas encontradas em áreas de brejo.

Muito conhecida pelas curas que faz através das plantas, Dona Alda, como é chamada, é procurada por pessoas de dentro e fora das aldeias. “Recebo muitos pedidos de ajuda. Pessoas que muitas vezes vem de fora do estado, do País em busca de uma cura. Um homem que nos procurou recentemente estava muito mal e em questão de dias se recuperou”, lembra.

Dona Alda explica que esses conhecimentos são repassados por gerações pelos antepassados. “Eu mesmo comecei aos 8 anos a fazer reza e remédio para aqueles que precisavam. Antes não havia médico na aldeia, o rezador era o responsável por esse trabalho”, destaca.

Sintomas como febre, dor de cabeça, cansaço excessivo são aliviados com a mistura. Mas dona Alda garante: “Não adianta ir em raizeiros ou fazer a mistura em casa. Todo o processo envolve rituais sagrados como rezas, banhos e chás. Estamos lidando com uma doença espiritual o que requer cuidados especiais”, ressalta.

Dona Alda dá conselhos para a humanidade. “As pessoas deixaram de rezar e de ter fé. Além disso ficam o tempo todo pronunciando o nome da doença [Covid-19]. Isso é uma forma de chamar ela. Todo mundo precisa se unir e rezar para que o socorro venha dos céus, dos trovões que podem acabar com essa coisa ruim. Do contrário mais situações como essas poderão ocorrer”, alerta.

A rezadora também atribui a “maldição” da pandemia ao incêndio da Casa de Reza em julho do ano passado. Na época tanto a casa como artefatos sagrados foram queimados pela ação humana. “Eu disse na época que haveria consequências e o resultado é esse que estamos vendo. Para proteger nossas aldeias estamos fazendo rezas todas as madrugadas”, conta.

O Xiru para os Kaiowá é o espaço onde o diálogo com o Sagrado acontece. Ele é o sustentáculo do Mundo Espiritual, reunindo os espíritos que habitam a casa, as árvores, a água, e dá harmonia à vida no ambiente. Ao todo, foram três xirus queimados, no incêndio. Após um ano de trabalhos a Casa foi reerguida e aguarda para ser inaugurada.

Indígenas de Dourados usam ervas medicinais contra o coronavírus

Veja também

- Publicidade -

Últimas Notícias

- Publicidade -
- Publicidade -

Últimas Notícias

- Publicidade-
Verified by MonsterInsights