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sexta-feira, 26 de abril de 2024

Pediatra dá dicas de como exercitar a leitura em cada fase da infância

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27/11/2015 06h27

As experiências vivenciadas pelas crianças têm grande influência no seu desenvolvimento. Tudo o que as crianças experimentam no mundo externo (vivências e estímulos cognitivos, sensoriais e afetivos) desempenham um papel em sua constituição como indivíduos.

Uma importante vivência é ler para elas. A leitura é tão importante, que “receitar livros” se tornou uma recomendação médica.

Conheça a Campanha “Receite um Livro” da Sociedade Brasileira de Pediatria, iniciativa feita em parceria com a Fundação Itaú Social e a Fundação Maria Cecília Souto Vidigal.

Benefícios da leitura na primeira infância

Fortalece o vínculo com quem lê para ela (pais, familiares ou cuidadores).

Desenvolve a atenção, a concentração, o vocabulário, a memória e o raciocínio.

Estimula a curiosidade, a imaginação e a criatividade.

Ajuda a criança a perceber e a lidar com os sentimentos e as emoções.

Auxilia no desenvolvimento da empatia (a capacidade de colocar-se no lugar do outro).

Ajuda a minimizar problemas comportamentais, como agressividade, hiperatividade e comportamento arredio.

Auxilia na boa qualidade do sono.

Desenvolve a linguagem oral.

Como ler para crianças de 0 a 6 anos

A partir da 25ª semana de gravidez, o bebê já consegue “sentir” o som e ouvir a voz da mãe. Por isso ele reage quando escuta canções e a voz dela e se mexe dentro da barriga. Isso que significa que ele escuta e já está, de certa forma, em comunicação com a mãe.

Assim ele nasce com essa memória. O bebê é muito sensível à entonação da voz e é graças a ela que começa a construir significado.

A vida cotidiana está cheia de ordens (“não mexa”, “escove os dentes” etc.). Por isso, é necessário oferecer às crianças outro linguajar, isto é, a da escuta, da leitura em voz alta.

Contar histórias é uma prática importante, pois caracteriza um momento de extrema conexão entre a criança e o cuidador, já que, além do conteúdo que está sendo passado, há troca de olhares e contato afetivo, que são muito importantes para a criança desde os primeiros meses de vida.

Mesmo que a criança não compreenda ainda o significado das palavras, ela compreende as expressões faciais, o gesto de carinho e a suavidade do tom de voz. Por isso, esses momentos são de interação muito significativos.

A leitura tem papel fundamental no desenvolvimento da linguagem. Por isso, os livros devem fazer parte do universo do bebê desde o nascimento.

Quando os cuidadores estão lendo, eles descobrem a estrutura da linguagem e, pouco a pouco, percebem que são as imagens e as letras que fazem os pais contarem as histórias. Assim, a criança vai descobrindo, aos poucos, que as letras são símbolos e que os textos contêm significados.

A leitura deve ser um momento prazeroso, tanto para as crianças quanto para os adultos. Por isso, é importante que os pais escolham livros, histórias, canções, jogos e brincadeiras de que eles também gostem e que remetam às experiências agradáveis que eles tiveram na sua infância.

O foco aqui é ser espontâneo e expressar afetividade pelo bebê e não iniciar um processo precoce de alfabetização ou realizar atividade com finalidade pedagógica.

Para que a leitura se torne hábito e contribua efetivamente para o desenvolvimento, ela deve fazer parte da rotina de cuidados do bebê, assim como a alimentação e os rituais da hora de dormir.

Então, é preferível ler pequenos textos todos os dias a ler um livro inteiro em um único dia e depois esperar uma semana até a próxima leitura.

Do nascimento até por volta dos 3 anos, os bebês costumam manipular o livro para ganhar familiaridade com ele. Aos poucos vão compreendendo que esse objeto tem significado.

Então, é bom ter livros de borracha, de plástico, de tecido e com texturas para o bebê manusear livremente e outros para a leitura propriamente dita.

De 0 a 5 meses

Os bebês começam a prestar atenção nos gestos dos pais e a imitar os sons. Aos quatro meses, já podem olhar as imagens de um livro, como a pessoa que lê para ele.

Afinal, a palavra “cavalo” não dá a forma do cavalo. Então é necessário mostrar-lhe a imagem do cavalo para que ele possa interiorizá-la. Então, os pais podem:

Apontar as figuras que estão no livro e dizer em voz alta o nome daquilo para o qual o bebê estiver olhando;

Virar as páginas de acordo com o interesse do bebê;

Representar com gestos ou com a voz a figura que estiver mostrando para o bebê;

Imitar os sons que o bebê faz e observar sua reação.

De 6 meses a 1 ano

Nessa fase, a leitura já é bem interativa e os pais devem conversar com a criança sobre as figuras, as formas, as palavras e os sentimentos, relacionando-os com a vida cotidiana.

Os bebês, quando conseguem se sentar, já conseguem segurar os livros e também colocá-los na boca. Nessa fase, os pais podem:

Nomear as figuras que o bebê aponta no livro ou aquelas em que ele fica interessado;

Ajudar o bebê a virar as páginas do livro;

Transmitir o clima da história por meio da entonação da voz, de gestos e de expressões faciais;

Conversar com o bebê e fazer perguntas sobre as coisas que ele está ouvindo ou fazendo. Por exemplo: “Olha o cachorrinho. O cachorrinho faz au-au”;

Seguir as indicações do bebê para ler mais, repetir ou parar.

É bom ter livros de borracha, de plástico, de tecido e com texturas para o bebê manusear livremente e outros para a leitura propriamente dita

De 1 ano a 2 anos

Nessa fase, a criança consegue escolher um livro e entregá-lo aos pais para que o leiam. Também aponta as figuras e copia as expressões e os gestos do adulto que está lendo para ela. Assim, os pais podem:

Usar diferentes vozes para representar os diversos personagens das histórias;

Fazer perguntas para que a criança responda apontando. Por exemplo: “Onde está o gato? ”, “Quem faz miau?

Incentivar que ela faça o som de determinado animal. Por exemplo: “Como a vaca faz? Mu!”;

Sorrir e responder quando a criança falar ou apontar;

Deixar a criança virar as páginas do livro;

Ler a mesma história várias vezes, se a criança quiser;

Acrescentar mais palavras quando a criança apontar uma imagem. Por exemplo: “Menina. Essa menina é bonita”;

Fazer outras perguntas sobre as figuras que ela apontar. Por exemplo: “Cadê o cabelo da menina? ”, “E o cabelo da mamãe? ”, “E o seu cabelo? ”;

Nomear e demonstrar ações e emoções nas histórias. Por exemplo: “A menina está rindo”. E então rir para o bebê;

Levar sempre um livro quando sair com o bebê e ler para acalmá-lo ou distraí-lo.

De 2 a 4 anos

Essa é a fase em que as crianças mais gostam de exercer a previsibilidade e, por isso, gostam que os pais leiam as mesmas histórias várias vezes. Também repetem palavras e frases e participam mais da leitura. Os pais podem:

Fazer perguntas sobre as imagens do livro para que a criança responda. Por exemplo: “O que é isto? ”;

Ler livros que apresentem ações que as crianças já entendem como inusitadas. Por exemplo, “Os três lobinhos e o porco mau”, ou “O cachorro que faz miau”;

Valorizar todas as perguntas e comentários que a criança faz, pois são boas oportunidades para começar uma conversa;

Dar espaço para que a criança faça comentários sobre alguma figura ou palavra;

Incentivar a criança a contar sua história favorita, de sua própria maneira;

Levar a criança a bibliotecas ou livrarias para escolher livros ou ouvir histórias;

Mostrar para a criança como as coisas que acontecem com os personagens são parecidas com algo que ela mesma já fez ou viu;

Falar sobre os sentimentos dos personagens e perguntar se ela já sentiu a mesma coisa;

Deixar que a criança conte o que acontece em seguida ao ler histórias já conhecidas.

De 4 a 6 anos

Nessa fase, as crianças escolhem os livros que querem que os pais leiam e fazem perguntas sobre as coisas que acontecem neles.

Também corrigem os pais quando eles pulam uma parte de um livro já familiar e conseguem contar uma história conhecida com as próprias palavras. Os pais podem:

Conversar de forma espontânea sobre os assuntos do livro;

Responder com interesse às perguntas e os comentários da criança;

Mostrar para a criança que você está lendo as palavras do livro;

Ler a história do jeito que o autor escreveu, sem alterar as palavras estranhas e diferentes que ampliam o vocabulário da criança.

A importância do texto escrito

Apresenta frases completas, sem omissões típicas da fala;

Respeita a concordância de tempo e, dessa forma, ajuda a compreender a ordem natural dos eventos;

Utiliza algumas categorias gramaticais com maior frequência do que a fala, especialmente advérbios, preposições, conjunções e pronomes;

Estimula e permite à criança memorizar, decorar, repetir palavras e frases, antecipar cenas e, dessa forma, ampliar seu repertório semântico e sintático. Isso contribui para trabalhar a pronúncia das palavras e promover maior consciência fonológica;

Conhecer e apropriar-se do universo discursivo;

Introduz personagens diversos, que permitem à criança sair de si e estabelecer relações de previsibilidade de comportamentos, sentimentos e ações. Isso contribui para o desenvolvimento das habilidades como falar e escutar e das relações sociais e faz a criança sentir-se parte da comunidade a que ela pertence. Dr. Mário Roberto Hirshheimer – Presidente da SPSP.(Pediatra Orienta – SPSP)

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