22.2 C
Dourados
sexta-feira, 26 de abril de 2024

Pouca expectativa sobre as águas de março

- Publicidade -

03/03/2015 08h00

As chuvas abundantes de fevereiro foram insuficientes para saciar a sede da terra. E a previsão para os próximos três meses é de precipitações abaixo da média.

Os céus trazem notícias para a Região Sudeste e elas não são nada boas: as chuvas abundantes de fevereiro foram insuficientes para saciar a sede da terra.

E a previsão para os próximos três meses é de precipitações abaixo da média. O mensageiro das alturas é o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), órgão do Ministério da Agricultura.

O resultado dessa combinação é que, apesar de cidades alagadas, os reservatórios continuarão vazios, indicando o agravamento da escassez de água para abastecimento, para produção de alimentos e para geração de energia, segundo avaliação de pesquisadores da Academia Brasileira de Ciências (ABC).

A falta de chuvas é apenas um dos castigos impostos à região. Também colaboram para a Estiagem pelo menos dois outros motivos. Primeiro, temperaturas mais altas nos últimos 20 anos.

Em 2014, os termômetros ficaram cerca de 1,5°C acima da média, o que favorece a evapotranspiração, ou seja, a perda de água para a atmosfera.

Segundo, uma clara tendência de concentração das chuvas em poucos dias, em lugar de precipitações mais frequentes em pequenos volumes, como aponta acompanhamento do Inmet. Esse fenômeno provoca enchentes, erosões e assoreamentos, mas não ajuda na infiltração da água.

“A primeira quinzena de março ainda deve manter a condição de chuva. Mas, a partir daí, até o fim de maio, haverá uma redução gradativa, que no fim do trimestre resultará em precipitações abaixo da média”, diz o meteorologista do instituto Fabrício Daniel dos Santos Silva.

O armazenamento de água no solo, segundo dados do Inmet, está abaixo do necessário na região. A deficiência provoca o efeito esponja: o solo absorve grande parte das chuvas, que fica indisponível para uso, até que a umidade seja suficiente e permita que a água se infiltre para nascentes e rios. “Tivemos um janeiro seco. Só em fevereiro as chuvas ficaram acima da média.

O solo ainda comporta mais água. É preciso que chova mais para que ele passe a contribuir para rios e reservatórios”, avalia o meteorologista.

Os níveis das reservas, embora tenham se recuperado – ou pelo menos se mantido – no último mês, não devem chegar ao mínimo necessário para atravessar a próxima estação seca.

O Cantareira, por exemplo, provavelmente não superará o volume morto forçando o governo de São Paulo a adotar o racionamento.

“A probabilidade de que os sistemas produtores de água se recuperem ao longo de 2015 é muito baixa, e não é razoável confiar apenas na “generosidade” da hidrologia ao longo deste ano”, diz documento distribuído pela ABC.

O biólogo Glauco Kimura, que coordena o programa Água para a Vida na organização ambientalista WWF-Brasil, chama a atenção para o fato de que as previsões de chuvas abaixo da média na Região Sudeste coincidem com as áreas mais desmatadas.

“A vegetação bombeia água para o ar, formando nuvens que se condensam e formam as chuvas.

Além disso, as grandes áreas urbanas, com muita impermeabilização, provocam ilhas de calor, mudando o clima em escala local, provocando as precipitações mais intensas e concentradas”, diz.

Morte anunciada

O Ministério da Agricultura reconhece que a crise na Região Sudeste não se deve exclusivamente à escassez registrada em 2014. E lembra que o uso de água para a geração de energia tem sido maior que a oferta

. “O Espírito Santo esteve alagado no fim de 2013 e, já no início de 2015, apresenta-se em situação de restrição hídrica.

Grandes reservas, como a represa de Três Marias (MG), têm há mais de 10 anos o nível de água reduzido sistematicamente. Isso porque o volume utilizado, principalmente para geração de energia, tem sido superior à capacidade de recarga a montante”, informa texto divulgado pela pasta.

De acordo com o órgão, para solucionar o problema é necessário, entre outras iniciativas, a “ampla disseminação de práticas de conservação do solo e da água”.

Para a Academia Brasileira de Ciências, são “fortíssimos os indícios de que há uma mudança climática em curso”, afetando a gestão dos recursos hídricos. Os cientistas também sustentam que há uma “ameaça à segurança hídrica da população da região”.

“A probabilidade de que os sistemas produtores de água se recuperem ao longo de 2015 é muito baixa, e não é razoável confiar apenas na “generosidade” da hidrologia ao longo deste ano” – Trecho de documento produzido pela Academia Brasileira de Ciências.
(Correio Braziliense)

Correio Braziliense

Veja também

- Publicidade -

Últimas Notícias

- Publicidade -
- Publicidade -

Últimas Notícias

Jogo Responsável no Brasil

- Publicidade-
Verified by MonsterInsights