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sexta-feira, 26 de abril de 2024

Chefe de Enfermagem do HU fala do Posto de Primeiros Socorros no campus

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26/08/2014 07h27 – Atualizado em 26/08/2014 07h27

Chefe de Enfermagem do HU fala do Posto de Primeiros Socorros no campus e informa sobre prerrogativa da UFGD perante a saúde pública

Devido à morte de um acadêmico no campus e, consequentemente, à volta do debate sobre a implantação de um Posto de Primeiros Socorros na Cidade Universitária, o enfermeiro Genivaldo Dias da Silva, Chefe da Divisão de Enfermagem do Hospital Universitário e membro dos Conselhos Municipal e Estadual de Saúde fala sobre o assunto.

O profissional explicou detalhadamente o funcionamento da rede pública de saúde em Dourados e falou sobre a implantação de uma Unidade Básica de Saúde naquela região, que extrapola a competência da UFGD, pelo fato de a Universidade estar condicionada à formação de mão de obra especializada para a saúde, não sendo protagonista da mesma.

Genivaldo explicou que a Instituição não pode priorizar atendimento restrito ao campus em detrimento do cidadão comum, já que isso contraria um dos princípios do SUS, a equidade, e lembrou, ainda, que o transporte até o hospital feito por ambulância é de competência do SAMU, regido pela Portaria 2048, de 05 de novembro de 2002, da Política Nacional de Atenção às Urgências.

Confira a entrevista

Como será o serviço implantado no campus já nesse primeiro momento em termos de estrutura física, de pessoal, de equipamentos, de medicamentos, entre outros itens?

Genivaldo: Será montada uma unidade de atendimento a agravos iminentes à saúde. Esse espaço será composto por Equipamentos Elétricos Médicos, como Desfibrilador Automático Externo (DEA); Torpedos de gases medicinais, tanto fixo quanto portátil; prancha rígida de transporte, cadeira de rodas para remoção de paciente com dificuldade de locomoção; medicamentos necessários para reversão de paradas cardiovasculares, devidamente administrados conforme orientação médica via telemedicina; materiais permanentes e de consumo indispensáveis à rápida intervenção ao suporte básico de vida. O time de resposta rápida será composto por seis profissionais de Enfermagem, sendo três enfermeiros e três técnicos de enfermagem, que atuarão conforme protocolos clínicos baseados em evidências. Essa unidade funcionará de segunda à sexta-feira, das 7h às 23h, e aos sábados das 7h às 12h, proporcionando, assim, uma cobertura a toda a comunidade acadêmica.

Como vai funcionar o Posto no campus em articulação com o SAMU?

Genivaldo: Funcionará da mesma forma que nas Redes de Atenção Básicas de Saúde. Ao identificar um agravo iminente à saúde, os servidores acionam o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU – 192) para que o mesmo possa ofertar um atendimento de maior complexidade. Caso haja necessidade de intervenção médica, esta será acionada através do telefone 192, a fim de obter orientações necessárias para uma assistência de enfermagem livre de imprudência, negligência e imperícia. O que deve ficar muito claro é que SAMU e assistência médica via telemedicina são sinônimos.

O deslocamento desse pessoal do HU para o Posto no campus não poderia deixar o hospital descoberto?

Genivaldo: O deslocamento desse efetivo de Enfermagem para o campus já estava previsto pela administração do Hospital Universitário. Essa liberação só foi possível devido ao fato do HU receber um aporte adequado de recursos humanos para a área fim via concurso público da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH). Hoje o corpo de enfermagem encontra-se com quadro adequado para prestar uma assistência de qualidade e humanizada.

Qual é a proposta a médio e longo prazo para que aquela região da cidade, incluindo o campus, tenha um serviço de saúde estruturado?

Genivaldo: Acredito que em curto prazo a Reitoria, dentro de suas competências legais, proporcionará à comunidade acadêmica uma cobertura aos casos de agravos iminentes à saúde. O serviço de saúde do município de Dourados está estruturado em redes de atenção, nas quais o acesso primário são as redes básicas juntamente com suas Estratégias Saúde da Família (ESF). Isso posto, fica claro que a cobertura da população circunvizinha à Cidade Universitária é de total responsabilidade do gestor municipal. Porém, acredito que a reitoria não medirá esforços para que a população adjacente tenha seu posto de saúde.

Por que os ‘holofotes’ do problema dessa semana no campus foram para a UFGD? Quais atores deveriam estar envolvidos na questão, além da Universidade?

Genivaldo: A UFGD por si só já é um holofote devido à sua incomensurável importância para o município de Dourados e para toda a macrorregião. O fato ocorrido foi uma fatalidade. Havia várias comorbidades (presença ou associação de duas ou mais doenças no mesmo paciente) que potencializaram esse desfecho. Devido ao grande volume de pessoas que transitam naquela região, o gestor municipal também deverá pensar em um posto de saúde que atenda toda a comunidade circunvizinha. Foi iniciada conversa com a reitoria da Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul (UEMS), para que cerre fileira com a UFGD, proporcionando uma parceria para o atendimento da população daquela região da cidade.

Sabemos que a prerrogativa de saúde pública não é propriamente da UFGD, que é gestora da educação superior e não de saúde pública. Até onde a Universidade pode atuar nessa área?

Genivaldo: A atuação da Universidade está condicionada à parceria no sentido de formar mão de obra especializada para a saúde, como médicos, psicólogos, nutricionistas, entre outras profissões da saúde; e nunca como protagonista na área. Não podemos esquecer que todas as políticas de saúde são pactuadas e cada ente tem sua parcela de competências seja nas esferas federal, estadual ou municipal. A Universidade expressa sua parceria com políticas assistenciais por estar inserida na micropolítica através do Hospital Universitário, que por meio de contratualização com o gestor local, pactua serviços relacionados à atenção hospitalar de nível secundária e terciária.

Além do Posto de atendimento, a comunidade pede por ambulância. É possível a UFGD ter um veículo desse porte? Como será o atendimento considerando que o serviço de urgência é referenciado e trabalha em rede, juntamente com os hospitais?

Genivaldo – Uma unidade de atendimento a agravos iminentes à saúde, com um time de resposta rápida, norteados por protocolos clínicos, baseados em boas práticas e evidência científica, trabalhando em consonância com o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU 192), atende perfeitamente aos anseios da comunidade acadêmica. Transporte até o hospital é de competência do SAMU, regido pela Portaria 2048, de 05 de novembro de 2002, da Política Nacional de Atenção às Urgências. Adquirir uma ambulância obriga que esse veículo saia no sentido de prestar algum tipo de socorro caso haja alguma necessidade de intervenção, seja ela na população circunvizinha, seja na rodovia, o que foge da missão inicial de cobertura da comunidade acadêmica.

Sabemos que a rede de saúde pública é complexa, sendo os atendimentos divididos por complexidade, como atenção básica, especializada, hospitalar e de urgência. Nesse serviço, temos as três esferas de governo envolvidas e seus conselhos de saúde, secretarias municipais de saúde e outras entidades. Onde o Posto de Primeiros Socorros no campus se encaixaria em termos de nível de atenção e por quê?

Genivaldo: Na verdade, a primeira ideia se sustenta na cobertura da comunidade acadêmica, que constitui o patrimônio da Universidade, constituída por discentes, docentes, técnicos administrativos, funcionários terceirizados e, porventura, por pessoas que venham a precisar de atendimento esporadicamente, nos processos de vestibular e/ou familiares de discente. A unidade de atendimento a agravos iminentes à saúde não se encaixa em nenhum nível de atenção, uma vez que a mesma não terá como norte o atendimento à população circunvizinha. Seria insipiente a UFGD criar um serviço onde se faz necessário uma porta de entrada para os clientes por ela acolhidos. Essa ação seria entendida como se a Instituição tivesse prioridade de atendimento em detrimento ao usuário do SUS, contrariando, assim, um de seus princípios, a equidade.

Enfermeiro Genivaldo Dias da Silva, Chefe da Divisão de Enfermagem do Hospital Universitário e membro dos Conselhos Municipal e Estadual de Saúde

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