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sábado, 27 de abril de 2024

Major Capilé curava doenças em farmácia com conhecimento prático, relata Maneco

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22/11/2015 08h37 – Atualizado em 22/11/2015 08h37

Assecom

A memória de quem tem muito a contar sobre como a cidade se desenvolveu, é valorizada pela prefeitura através do projeto Dourados 80 anos – Eu conto essa história. Manoel Capilé, conhecido como Maneco Capilé é arquiteto, irmão do ex-prefeito de João Augusto Capilé Júnior, o “Sinjão”, e neto do Major Capilé, um dos primeiros farmacêuticos que o município recebeu. Ele lembra de casos de viveu e também dos que ouviu falar pela família.

Maneco nasceu em Caarapó na Fazenda Novilho, vindo para Dourados mais tarde. Ele é filha de João Augusto Capilé e Julia Frost (irmã de Raul Frost), que vieram do Paraná. O primeiro a chagar no Estado foi o avô de Maneco em 1913, indo primeiramente a Rio Brilhante e depois se instalando em Dourados. Depois veio o pai já com alguns filhos.

Ele lembra que chegou a ter 19 irmãos, sendo que apenas 15 sobreviveram e os mais velhos Maneco nem chegou a conhecer. “O mais velhos se estivesse vivo teria 115 anos amis ou menos”, relata. O arquiteto lembra que naquela época havia muita mortalidade infantil e que as crianças acabavam falecendo de doenças que hoje são consideradas banais.

Dos homens, Maneco é o mais novo. Ele lembra que o pai era fazendeiro e explorava erva mate na região, sendo um beneplácito da companha Mate Laranjeira. Através disso conseguiu requerer uma área rural, que é a fazenda onde ele e os irmãos nasceram. “A infância era aquilo ali. Aquilo parecia para mim o mundo”, relata, lembrando de uma infância tranquila.

A Dourados chegou quando tinha em torno de oito anos de idade e viveu na cidade até os 11 anos. Ele morava em frente onde hoje é a agência central dos Correios, lembrando que ali na avenida Weimar Torres é onde terminava a cidade. “A Weimar era o limite, dal para cpa era a chácara do seu Câmara”, cita lembrando a propriedade de João Cândido Câmara, onde ia com os amigos para o meio do mato caçar passarinho.

Também lembra que faziam bola de meia e jogavam na praça. A escola onde estudou era onde hoje é a agencia central do Banco do Brasil, chamada “Escolas Reunidas Presidente Vargas”, criada na época em que Getúlio Vargas implantou a Cand (Colônia Agrícola Nacional de Dourados).

O avô Major Capilé ele conheceu, conviver e conversou muito. Mas, era pequeno na época. Gostava muito de ir à farmácia. Apesar da alcunha, Major não era um militar. Maneco conta que naquela época muitas pessoas adquiriam estes títulos pela importância que representavam naquela sociedade e de certa forma era uma autoridade. “Não deixava de ser uma autoridade, mas não era militar”, relata.

Em 1913 quando Major chegou, Maneco contra que as pessoas tinham que ter um certo domínio e conhecimento de tudo por uma questão de sobrevivência. “Recurso médico não existia e as pessoas tinham que se virar”, relata. Remédios eram feitos com vegetais e o avô dele manipulava isso.

Ele era farmacêutico, mas não tinha formação. Tinha um conhecimento prático muito grande e com isso curava de tudo. “Ali ele curava até leishmaniose”, contou. As pessoas muitas vezes vinham de fazendas e sítios para a cidade e ficavam hospedadas com o Major, que as ficava medicando por vários dias. As pessoas sobreviviam dessa forma e muitas morriam por doenças que na época eram desconhecidas. Maneco não chegou a ver isso, quem contou as histórias foram os irmãos mais velhos Julio e Sinjão.

Quando mudou para o Rio de Janeiro, aos 11 anos de idade Maneco lembra que tudo era diferente, não havia comunicação e toda a tecnologia hoje á disposição. “Para obtermos um telefone em 47 entramos numa fila da companhia telefônica e ficamos 10 anos na fila. Só em 57 foi instalado nosso telefone no Rio de Janeiro”, lembra. Os irmãos mais velhos dele já moravam no Rio quando o pai dele vendeu tudo e seguiu com o resto da família para lá também.

Maneco lembra que o sofrimento foi grande. Isso porque saiu de Dourados onde havia toda aquela liberdade, para ficar dentro de um apartamento carioca no quinto andar olhando pela janela. “Era uma gaiola. Isso para um guri douradense de 11 anos”, afirma, contando que também sofria bullying na escola do pessoal que “gozava” de seu jeito de falar. “Eu sofri, mas sobrevivi”, relata.

Ele ficou no Rio até 1966, quando se mudou para São Paulo. Em 1980 veio para Dourados. Conta que foi a época da mecanização da lavoura e a cidade sofreu um progresso muito grande. “Não me arrependo não, porque hoje não voltaria para São Paulo de jeito nenhum para morar lá”, ressalta, lembrando que gosta de viajar para as cidades na qual morou apenas para visitar.



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