09/10/2014 08h06 – Atualizado em 09/10/2014 08h06

Reduto da bandidagem, praça ‘abandonada’ gera problema social

Valéria Araújo

O que era para ser um serviço voltado para a juventude vira pesadelo para moradores do Parque das Nações I em Dourados. Em ruínas mesmo antes de ser entregue a população, a Praça do Programa de Esporte e Cultura (Pec 300), conhecida como da “Juventude” vira reduto da bandidagem e de usuários de drogas. Moradores vivem atormentados com a concentração de pessoas que utilizam o local para o crime, a prostituição e uso de drogas. Pichações, vidros quebrados por toda a parte e deterioração de espaços torna o local um verdadeiro cenário de guerra.

“A praça como está hoje é um crime contra o dinheiro público. Se tornou um transtorno para nós moradores. Enquanto ficamos presos em casa com medo de exercer nosso papel de ir e vir os bandidos ficam a solta nesta praça. Hoje eu tenho que fechar o meu estabelecimento às 18h porque tenho medo de roubos. Já tentaram levar a minha moto e por causa disso tive que colocar cadeado nela e em todas as portas da minha casa. Aqui vivemos com o medo. Era preferível não terem feito nada no bairro do que deixar desse jeito”, destaca o comerciante Alonso Lima da Silva.

O morador Claudinei Ribeiro diz que a “bagunça” causada pela concentração de jovens no local após às 18h gera medo e a sensação de insegurança. “A Guarda Municipal passa aqui todos os dias, mas não entra na Praça. Os vândalos só disfarçam com a presença dos GMS, mas logo a seguir iniciam o processo de destruição da praça. É pichação e quebra-quebra de vidros por toda a parte. Prostituição e uso de drogas é constante”, explica.

Grupo de skate que frequenta o local durante a tarde diz que ajuda a espantar os “noiados” que frequentam o local. “Eles usam esta estrutura para usar crack e roubar a vizinhança. Sempre que dá os expulsamos daqui, mas eles sempre voltam. Há também crianças que chegam para atirar pedras nos vidros e os pais ainda apóiam. Com isto não podemos nem reclamar porque os responsáveis são coniventes e acham até bonito ver os filhos depredando um bem público”, destaca um adolescente.

A Praça da Juventude começou a ser construída em setembro de 2012 e teria que ter sido entregue a população em dezembro de 2013. A obra é executada pela Prefeitura de Dourados com recursos do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) viabilizados pelo deputado federal Geraldo Resende em 2010.

O parlamentar diz que lamenta o ocorrido e aguarda o município resolver pendências o mais rápido possível para que o local possa de fato cumprir o papel pelo qual foi criado.

O projeto do Ministério da Cultura contempla a construção de pista de skate, jogos de mesa, espaço criança, quadra coberta, equipamentos de ginástica, kit básico esportivo e pista de caminhada. O investimento previsto para este modelo é de R$ 1,9 milhão.

A construção da Praça atende proposta de criação de novos espaços para a juventude douradense, que disponibilize atividades socioculturais, práticas esportivas e de lazer e, sobretudo, para a realização de cursos visando à qualificação dos jovens para o mercado de trabalho.

Empreiteira abandona obra

O secretário de Planejamento da Prefeitura de Dourados, Luiz Roberto Martins de Araújo explica que a paralisação das obras ocorreu depois que a empreiteira que realizava as obras abandonou os trabalhos.

“Infelizmente empresas que ganham o processo de licitação não têm estrutura suficiente para manter as obras em andamento. Porém de lá para cá não sossegamos um minuto sequer para resolver a situação. Tanto que já rescindimos o contrato com a empresa e estamos licitando uma outra para dar continuidade as obras. A previsão é de que nos próximos 30 dias as obras reiniciem e com isto vamos acabar com o problema”, destaca.

Em relação a segurança o secretário convida a população para ajudar a cuidar do patrimônio. “Seria interessante que o cidadão, ao notar o problema do vandalismo acione a Guarda Municipal pelo serviço 199 e informe o que está acontecendo”, orienta.