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sexta-feira, 26 de abril de 2024

Coleta seletiva, a força da sociedade civil – Mário Tompes

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Coleta seletiva, a força da sociedade civil, por Mário Tompes

Por: Mário Cézar Tompes da Silva – 21/11/2016 16h07

O Brasil gera a cada dia 215 milhões de quilos de lixo. Ao fim de um ano nosso país produz uma extraordinária montanha de 78,6 milhões de toneladas de lixo. Desse total, conseguimos coletar 90,6%, portanto, deixamos de recolher 7 bilhões de quilosque são singelamentedescartados no ambiente sem maior alarde. Do que é coletado,60% são despejados sem cerimônias em lixões a céu aberto.Aterro sanitário ainda é uma realidade difícil de materializar-se para a maioria de nossos Municípios. Porém, a medida de nosso descompasso com a sustentabilidade revela-se com a constatação de que somos capazes de reciclar apenas 3% do material recolhido.

Em meio a esse panorama nada auspicioso, Dourados até que apresenta um desempenho satisfatório em termos de disponibilizar estruturas físicas para lidar com a destinação final dos resíduos sólidos. É uma trajetória invulgar. Em 2005 inaugurou o primeiro aterro sanitário do Mato Grosso do Sul. Na ocasião tive oportunidade de coordenar sua implantação na condição de Diretor-Presidente do antigo Instituto de Planejamento e Meio Ambiente-IPLAN.

Trata-se de uma estrutura dotada de oito valas receptoras com suas bases revestidas por uma membrana de polietileno de alta densidade que evita a infiltração do chorume no solo. Um sistema de drenagem capta e direciona o chorume para um aglomerado de cinco lagoas de tratamento. Tubulação capta o gás metano gerado pela decomposição do lixo e queima-o, evitando sua liberação para a atmosfera. Um conjunto de poços locais possibilita o monitoramento permanente das águas subterrâneas a fim de detectar a ocorrência de infiltração de chorume.

Além dessa estrutura, o Município foi dotado, mais recentemente, de dois novos aterros, ambos decorrentes de ações da iniciativa privada. O primeiro consiste no aterro especializado em acondicionamento de resíduos sólidos industriais e o segundo destinado ao acolhimento de entulho da construção civil. Trata-se de situação incomum no cenário brasileiro, um Município com três aterros sanitários, dois dos quais especializados em recebimento de resíduos específicos.

Desempenho tão auspicioso, não obstante, está longe de se repetir com relação à coleta seletiva em nosso Município. Essa modalidade de coleta foi iniciada pela Prefeitura em 2005, atendendo a dezesseis bairros. Decorridos onze anos, atualmente a área atendida passou a abranger 21 bairros. Isso equivale a aproximadamente 12% do total de bairros da cidade. Performance acanhada!

Compreendendo a centralidade da coleta seletiva e da reciclagem para a ampliação da vida útil de nosso aterro sanitário e para a sustentabilidade em nosso Município, o Rotary Cinquentenário me escalou para coordenar um projeto de ampliação da coleta de recicláveis. A fim de implementar essa ação procuramos a Prefeitura e posteriormente o IMAM que com vivo interesse acataram uma proposta de parceria. Dessa maneira e graças a convergência de esforços mútuos, o projeto encontra-se em andamento para que a coleta já tenha início a partir do dia seis de dezembro.

Como resultado do projeto serão agregados treze novos bairros ao serviço de coleta seletiva. Ainda é pouco, porém representa um avanço que eleva de 12% para 20% os bairros que passarão a ser atendidos por esse serviço. Também reverterá em outros ganhos significativos: para a AGCOLD (Associação de Catadores de Dourados) que receberá os recicláveis recolhidos, para a ampliação da vida útil do aterro sanitário e para o aperfeiçoamento, ainda que diminuto,da sustentabilidade em nosso Município.

Por último, cabe ressaltar que iniciativas como essa demonstram a importância de comunidades urbanas como Dourados poderem contar com uma sociedade civil organizada que com senso de engajamento e utilizando-se de trabalho voluntário se dispõe a intervir em prol do aperfeiçoamento da coletividade local. Todos estamos ciente da atual quadra de crise e de como ela afeta a capacidade de resolução dos Municípios. No entanto, com o empenho da sociedade civil e sua disposição de somar forças com o poder público podemos tornar realidade imediata projetos que de outra forma não se materializariam ou demandariam tempo excessivo para se viabilizarem.

Professor da UFGD e rotariano. E-mail: [email protected]

Coleta seletiva, a força da sociedade civil - Mário Tompes

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