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quinta-feira, 25 de abril de 2024

Artistas organizam protesto contra apreensão de quadro

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15/09/2017 15h29 – Por: Elvio Lopes, de Campo Grande

Artistas da Capital estão organizando, para domingo à tarde, no Museu de Arte Contemporânea de Mato Grosso do Sul (Marco), um protesto pela apreensão, por parte da Polícia Civil, de uma das telas da exposição Cadafalso, da artista plástica mineira Alessandra Cunha, depois que três deputados estaduais registraram boletim de ocorrência alegando que o trabalho artístico tinha conteúdo pornográfico e de incentivo à pedofilia.

O protesto pela apreensão da tela Pedofilia, ocorrida na tarde de quinta-feira, está sendo organizado pela Confraria Sociartista de Campo Grande, Associação Sul-Mato-Grossense dos Arte Educadores (Asmae) e Fórum de Cultura da Capital e está programado para às 15h de domingo (17), no próprio Marco. Outro protesto aconteceu no final da manhã de ontem, no centro da Capital.

“Faremos um ato presencial em repúdio à violência sofrida pela cultura sul-mato-grossense, pela forma arbitrária, grosseira e inculta com que nosso Museu de Arte Contemporânea foi invadido por policiais que, de forma arbitrária, fecharam uma mostra de artes e apreenderam uma obra com o pretexto de que essa fizesse apologia à pedofilia”, afirma um dos membros da Confraria Sociartista, denunciando ainda uma “evidente campanha política cristalizada no falso moralismo”.

Ontem, o Fórum Municipal de Cultura emitiu nota oficial contra o que considerou mais um episódio de censura no Brasil, afirmando que a medida adotada pela autoridade policial, após denúncias de parlamentares estaduais “é uma extremada posição do pensamento ultraconservador que não oferece chances ao diálogo e ao entendimento do que sejam obras de arte”, informando ainda que as linguagens da arte são diversas, ampliam a construção do conhecimento e liberdade criativa.

Em relação às telas da exposição de Alessandra Cunha, o Fórum destaca que os trabalhos despertam debate e nada justifica a censura porque limita a criação artística e a liberdade de pensamento. “É uma obra hermética, só bem interpretada após acurado olhar e não representa ofensa à moral, aos bons costumes, e muito menos é pornográfica como querem nossos zelosos representantes estaduais que, tardiamente, resolveram imitar o Banco Santander que proibiu a exposição Queermuseu – Cartografias da Diferença na Arte Brasileira” em Porto Alegre”, conclui.

PROTESTO

Hoje, no final da manhã, um grupo formado por cerca de 50 artistas realizou protesto no cruzamento mais movimentado da Capital, na Avenida Afonso Pena com a rua 14 de Julho, encenando atos de censura para alertar a sociedade e manifestando-se contra a apreensão do quadro de Alessandra Cunha. Em uma das representações, um um ator usando chicotes açoitava pessoas amarradas por um cordão em meio a palavras de ordem, como “a arte estava sofrendo censura e sendo cerceada”.

O CASO

A denúncia que resultou na apreensão do quadro aconteceu durante discussão na Assembleia Legislativa, na quinta-feira, depois que o deputado estadual Lidio Lopes (PEN), questionava o cancelamento da exposição do Santander Cultural, em Porto Alegre (RS) e foi informado que em Campo Grande, o Marco estava apresentando uma exposição com conotações eróticas. Ele disse que enviou assessores ao museu, que fotografaram a exposição e resolveu discutir o assunto com os colegas, conseguindo adesão dos deputados Paulo Siufi (PMDB) e Herculano Borges (Solidariedade) e Coronel David (PSC), que registraram o boletim de ocorrência na Delegacia de Proteção a Criança e ao Adolescente (DPCA).

Uma equipe da delegacia coordenada pelo delegado Fabio Sampaio dirigiu-se ao Marco e apreendeu o quadro sob a alegação de incitação ao crime. A mostra estava com a porta lacrada com película escura e com aviso de acesso permitido somente a maiores de 18 anos.

A ARTISTA

A artista Alessandra Cunha, a Ropre, afirmou que estava surpresa pela apreensão da tela, por um motivo inexistente, explicando que sua pintura é um protesto para alertar o que acontece nos casos de abusos, principalmente contra crianças e adolescentes e que usou como título a palavra “pedofilia”, que incrimina os autores desses abusos.

A exposição Cadafalso, com outros trabalhos de Ropre, foi aberta em junho deste ano e estava programada para encerrar neste domingo (17).

 Artistas realizam protesto no centro da Capital pela apreensão de quadro no MarcoFOTOS: MARINA PACHECO/CGNews

Quadro apreendido

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