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segunda-feira, 18 de março de 2024

Indígenas prometem resistir à ordem de despejo de cinco áreas

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Eles dizem que não vão deixar área de chácaras ao lado da aldeia Jaguapiru em Dourados

Por: Flávio Verão – 11/01/2017 06h42

A Polícia Federal deve fazer, a qualquer hora, o despejo de famílias indígenas que ocupam desde fevereiro do ano passado cinco chácaras vizinhas a aldeia Jaguapiru, em Dourados. Na semana passada eles se reuniram com membros da Polícia Federal que deu a eles prazo de cinco dias para deixar o local, caso contrário seriam retirados hoje à força.

No dia 16 de dezembro a Justiça concedeu reintegração de posse das propriedades ocupadas. O juiz Diogo Ricardo Goes Oliveira, da 2ª Vara Federal em Dourados deu prazo de 30 dias para a Funai pedir aos índios deixarem o local. O Coordenador do órgão, Vander Nishijima, se reuniu com os indígenas mais a Polícia Federal semana passada e do encontro saiu o prazo de cinco dias para os índios deixarem as chácaras. O prazo venceu ontem.

As famílias que ocupam as áreas são de cidades da região, como Valdemar Vieira, de Caarapó. Ele ergueu uma casa simples com sobras de madeira aos fundos de uma das propriedades e vive no local com a mulher e quatro filhos. “Aqui é área de índio e reivindicamos o que é nosso. Daqui não saio”, afirmou.

Adelino de Souza, um dos líderes dos indígenas, promete resistência. “Pode vir a polícia, pode vir quem for, aqui é nosso e vamos ficar”, enfatizou. Segundo ele, são pelo menos 70 famílias que ocupam as cinco chácaras, pouco mais de 200 pessoas. “Não queremos o que é dos outros, queremos o que é do índio e todo esse problema está acontecendo por culpa do governo, que não resolve problema de falta de terra dos índios”, argumenta. “Nesse um ano que estamos aqui [chácaras] já temos plantações de feijão, milho, mandioca. Queremos apenas continuar a viver nesse espaço”.

Apenas uma das chácaras está vazia, nas outras quatro os proprietários permanecem no local. Bernardino Cavalheiro é de Juti. Ele veio para Dourados com mais 15 pessoas, todas da mesma família, entre filhos, genros e netos. “Já gastei mais de R$ 5 mil com mudança e construção das nossas casas. Se eu for despejado não tenho para onde ir”.

Como são indígenas de outros municípios, não são bem aceitos pelos índios em Dourados. Bernardino disse que ofereceram a ele um lote na aldeia Jaguapiru no valor de R$ 5 mil, mas não tem condições de adquirir. Embora as terras pertençam ao governo federal e não podem ser comercializadas, há venda de lotes para ter direito à permanência na reserva em Dourados.

Terra

O título de posse de sítios aos arredores da Reserva Indígena de Dourados chegou a ser contestada no Tribunal Regional Federal (TRF 3ª Região) pela Funai e Ministério Público Federal (MPF) de que as áreas seriam a extensão da própria reserva. Isso seria motivo, segundo o MPF e a Funai, para os indígenas não serem despejados, pelo menos das chácaras. Conforme a Funai, faltam 44 hectares de terras indígenas. No entanto, o TRF contestou as alegações por falta de provas que as áreas em falta seriam as propriedades rurais ocupados pelos índios.

Índios prometem resistir a desocupação que deve ser feita hoje pela políciaFoto: Hedio fazan

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