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sábado, 27 de abril de 2024

Conheça o jacaré-de-papo-amarelo

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Embrapa Pantanal 09/08/2017 16h12

Os animais têm cerca de 2 metros, mas seu comprimento pode chegar a 3,5. O ciclo de vida é longo e pode ultrapassar os 70 anos de idade. Presente em países da América do Sul como Argentina, Bolívia, Paraguai, Uruguai e Brasil, o jacaré-de-papo-amarelo (Caiman latirostris) ocorre naturalmente nas bacias do São Francisco e Paraná.

O animal é um dos objetos de estudo da pesquisadora Zilca Campos, da Embrapa Pantanal, que investiga os hábitos de espécies de jacarés há mais de 30 anos.

Esses crocodilianos vivem em áreas alagáveis como brejos, mangues, pântanos, rios e lagoas, afirma Campos, onde tomam seus longos banhos de sol.

Mais de 70% de sua distribuição foi registrada em terras brasileiras, em uma extensão de ocorrência que supera os 2,6 milhões de km². A coloração dos animais varia entre verde-oliva e marrom escuro.

Possuem pernas curtas, patas com unhas grandes, focinhos curtos, largos e que produzem uma mordida forte.

Sua alimentação consiste de peixes, mamíferos, crustáceos, moluscos, aves e répteis de pequeno e médio porte.

Em relação à reprodução, o acasalamento ocorre entre os meses de agosto e janeiro no país, especialmente quando há temperaturas mais elevadas.

O jacaré-de-papo-amarelo costuma botar seus ovos em ninhos que concentram, em média, de 15 a 50 unidades.

Por meio de um estudo da Embrapa foi possível determinar que, em determinados locais (como no rio Paraná), esses ninhos são feitos sobre aglomerados de vegetações que flutuam sobre as águas.

A incubação dos ovos dura de 65 a 90 dias e é por meio de variações de temperatura que se define o sexo dos animais: até 31º C, nascem fêmeas. Até 33º C, os filhotes serão machos. Acima dessa temperatura, nascem ambos os sexos.

Segundo informações divulgadas na publicação “Avaliação do risco de extinção do jacaré-de-papo-amarelo”, que reúne os conhecimentos de diversos pesquisadores – Campos entre eles – a época de postura no Brasil costuma acontecer entre os meses de outubro e fevereiro.

A eclosão dos ovos ocorre entre fevereiro e abril. Porém, esses períodos podem variar em função de alterações ambientais.

Esses ovos podem ser predados por lagartos, quatis e aves, mas a maior causa de mortandade embrionária é causada por ataques de fungos, cupins, formigas e bactérias.

A pesquisa como subsídio

A precisão de informações como essas é beneficiada pela série histórica decorrente dos anos de pesquisas contínuas sobre os animais, afirma a pesquisadora.

Os dados são aproveitados em ações como a que foi realizada no final do primeiro semestre em Três Lagoas (MS): em uma atuação conjunta entre a Embrapa Pantanal, Prefeitura e Secretaria Municipal de Meio Ambiente, três jacarés-de-papo-amarelo foram capturados na Lagoa Maior, uma das lagoas urbanas da cidade.

“Estava ficando difícil e perigosa a convivência entre os animais e os usuários da lagoa”, conta a pesquisadora.

De acordo com Campos, houve registros de pessoas tentando tocar nos répteis, que são selvagens e poderiam reagir de forma agressiva.

A lagoa tinha uma população de jacarés estimada em 15 indivíduos; destes, três foram recolhidos e transportados para a Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) de Cisalpina, uma região de várzea com lagoas, córregos e canais interligados entre si (e ao canal do rio Paraná) que inundam na época das chuvas.

Com cerca de 6,2 mil hectares, a área é mantida pela Companhia Energética de São Paulo e fica em Brasilândia (MS).

Os animais capturados medem de 2,25 a 2,70 metros e pesam de 45 a 80 quilos. “Com os processos de urbanização, as cidades se misturam às áreas naturais e isso gera conflitos com animais silvestres em muitos locais”, afirma Campos.

O trabalho de Campos, realizado com o apoio da equipe formada por Denis Ticara, Guellity Marcel Fonseca e Luis Alberto Rondon, resultou em uma carta de agradecimento assinada pelo prefeito de Três Lagoas, Ângelo Guerreiro, pelo Secretário Municipal de Meio Ambiente e Agronegócio, Celso Yamaguti, e pelo fiscal ambiental Flávio Fardin.

“Ficamos muito agradecidos pelo pronto atendimento oferecido em ajuda ao município de Três Lagoas a fornecer uma resposta à sociedade referente à problemática dos jacarés, pois os animais foram levados para uma área que irá garantir sua sobrevivência sem conflitos com o homem”, diz o texto da carta.

Durante a ação em Três Lagoas, os répteis foram identificados e dois deles receberam radiotransmissores para que seu deslocamento e comportamento de uso do espaço na reserva Cisalpina possam ser estudados pela equipe da Embrapa, finaliza a pesquisadora.

Pesquisadora da Embrapa Pantanal fala sobre as características da espécie - Foto: Zilca Campos

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