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Biocombustível no foco das universidades

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17/05/2015 12h27

A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e a Peugeot Citroën do Brasil (PSA) assinaram um termo de convênio de cooperação com a Universidade de São Paulo (USP), a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) e o Instituto Mauá de Tecnologia (IMT) para o lançamento do Centro de Pesquisa em Engenharia Professor Urbano Ernesto Stumpf.

O desenvolvimento de motores de combustão interna, adaptados ou desenvolvidos especificamente para biocombustíveis, será foco das pesquisas a serem realizadas.

Entre os temas investigados estão novas configurações de motores movidos a biocombustíveis, redução de consumo, emissão de gases e seus impactos e a viabilidade econômica e ambiental dos biocombustíveis.

O professor do Instituto Mauá de Tecnologia, Celso Argachoy, explica que as atividades a serem desenvolvidas serão desde a pesquisa básica sobre a fenomenologia da formação e evolução de sprays de etanol e sua combustão, até novas arquiteturas de motores e de sua aplicação em veículos.

“Serão feitas pesquisas em motores de acesso ótico, utilizando modernas técnicas de captação e análise de imagens para estudo da combustão, simulações numéricas visando modelar termodinamicamente os fluxos e a combustão, estudos com novos projetos de componentes que permitam reduzir o atrito e melhorar o desempenho, avaliações em motores completos em bancos de prova, entre outras atividades.”

O Centro de Pesquisa, anunciado em novembro do ano passado, terá sede na Faculdade de Engenharia Mecânica da Unicamp e será integrado, também, por pesquisadores do Laboratório de Engenharia Térmica e Ambiente (Lete) da Escola Politécnica da USP (Poli-USP), do Laboratório de Combustão, Propulsão e Energia (LCPE) do ITA e do Laboratório de Motores e Veículos do IMT.

Projeto

A iniciativa de criação do Centro de Pesquisa foi do professor do Departamento de Engenharia Mecânica da Unicamp, Waldyr Gallo, por meio de uma Chamada de Propostas lançada no âmbito do Acordo de Cooperação em Pesquisa assinado em 2012 pela Fapesp e a PSA Peugeot Citroën.

O professor responsável pelo projeto coordenará as atividades do Centro de Pesquisa ao lado do Responsável de Inovação de Powertrain do Grupo PSA Peugeot Citroën, Franck Turkovics.

Waldyr Gallo explica que desde 2008 a Fapesp possui o Programa BIOEN, que objetiva estimular atividades de pesquisa e desenvolvimento para promover o avanço do conhecimento em áreas relacionadas à produção de bioenergia no Brasil. Segundo ele, muitos trabalhos eram inscritos, mas a questão da eficiência ainda era uma lacuna.

“Não havia quase nada de pesquisa em motores”, afirma. Por isso, as instituições se reuniram para propor estudos que respondam até que ponto pode-se verificar a eficiência de um motor dedicado a etanol puro.

Turkovics comenta que “para o Grupo PSA, a parceria com a Fapesp é fundamental para o constante desenvolvimento e aprimoramento de novas tecnologias.

Poder trabalhar com importantes instituições de ensino também enriquece e valoriza ainda mais o know-how da PSA Peugeot Citroën.

Dentro do Grupo, nossa engenharia é uma referência mundial em biocombustíveis e materiais verdes. Parcerias como esta nos permitem continuar evoluindo neste tema.”

O desenvolvimento das pesquisas do Centro será acompanhado por um comitê internacional formado por pesquisadores do Institut des Sciences e Technologies (Paris Tech), Instituto Politécnico de Turim, e das Universidades de Cambridge, do Reino Unido, Técnica de Darmstadt, da Alemanha, e da University College London, do Reino Unido

Iniciativa

Clayton Zabeu, professor do Instituto Mauá de Tecnologia, destaca que a motivação de criar o Centro de Pesquisa foi a necessidade de “desenvolver investigações multidisciplinares relacionadas à utilização de biocombustíveis em motores de combustão interna com padrão de qualidade que venha a colocar o Brasil na vanguarda do conhecimento tecnológico nesta área.”

Ele ressalta que o País dispõe de fontes de combustíveis renováveis e uma rede de produção e distribuição estabelecida.

“Mas existe ainda a necessidade de melhorar significativamente a eficiência do uso de etanol, por exemplo, em aplicações veiculares, de forma a torná-lo sempre competitivo em relação à substituição dos combustíveis fósseis, independentemente de aspectos sazonais ou ainda do balanço comercial de commodities.”

Desta forma, Zabeu ressalta que os biocombustíveis serão ainda mais atraentes ao consumidor final, não apenas por beneficiar o meio ambiente na redução das emissões, mas por serem também comercialmente vantajosos.

Objetivos

A curto prazo, de acordo com o professor do Instituto Mauá de Tecnologia, Renato Romio, as instituições participantes esperam dispor, com relação aos biocombustíveis, dos mesmos conhecimentos e parâmetros disponíveis atualmente para o projeto e aplicação de motores com combustíveis fósseis.

“O etanol, por exemplo, é extensivamente utilizado no Brasil desde a década de 1980, mas os motores que o utilizam são todos originalmente concebidos e projetados para utilizarem gasolina ou óleo diesel.

São motores bem adaptados para usar também o etanol, mas sempre a partir de um compromisso de eficiência, pela necessidade de funcionarem com várias proporções entre combustíveis”.

Já a longo prazo, o objetivo é materializar todos os novos conceitos e parâmetros de projetos em protótipos que possam vir a ser desenvolvidos para produção de veículos com motores funcionando com biocombustíveis tão ou mais eficientes do que os motores com combustíveis fósseis, e que sejam ainda mais amigáveis ao meio ambiente.

Atividades

A princípio, o centro reúne laboratórios que estão fisicamente em lugares diferentes. Trabalhando em conjunto, a ideia é que alcancem resultados comuns, seguindo com os tarefas que já eram realizados.

O que se notou foi que as pesquisas poderiam ser complementares entre si, chegando, assim, a um resultado comum.

O comitê de gestão, composto por representantes de cada laboratório e da PSA, se reúne periodicamente para atualizar os avanços dos estudos e alinhar as atuações.

Dessa forma, a Unicamp, que possui laboratórios voltados mais para a área computacional do que física, deve seguir com pesquisas na área de simulação de desempenho de motor e cálculos teóricos de novos dispositivos.

Já o IMT mantém seu viés experimental, ficando responsável por desenvolver ensaios de motor, testes, determinação de potência, torque entre outras características.

O ITA e a USP devem direcionar esforços para o estudo de uma área pouco explorada sobre etanol: o spray de combustível.

A escolha da pesquisa foi por adaptar motores para que sejam dedicados a utilizar apenas etanol e verificar até onde se consegue a eficiência desse motor.

Gallo comenta que, se a eficiência que se consegualcançada for alta, o motor deverá competir não com carro Flex, mas com motores à diesel, com vantagens de diminuição de algumas emissões gasosas.

“Temos fortes indícios de que é possível se aproximar da eficiência do diesel. O que eu vislumbro para aplicabilidade dessa pesquisa não é colocar em carro de passageiro.

O que eu vislumbro é um nicho de mercado para competir com motores diesel de baixa potencia”, comenta Gallo, ressaltando que serão quatro anos de pesquisa na área, num horizonte de até 10 previstos pela Fapesp.

Como benefícios, o professor destaca a utilização de um combustível renovável que, quando comparado com o diesel, emite muito menos material particulado, a chamada fuligem.

“A gente espera que nesse período de tempo o Centro de Pesquisa desenvolva outros projetos e que cresça para trabalhar neles”.
(Canal – Jornal da Bioenergia)

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