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sexta-feira, 26 de abril de 2024

Confira “Minha Dourados” de Luiza Mello Vasconcelos

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20/12/2018 07h36 – Por: Luiza Mello Vasconcelos*

Acompanho o desenvolvimento de Dourados há mais de 50 anos. Costumo dizer que “fui” paranaense, pois me considero muito mais douradense.

Cheguei a Dourados, onde meu marido já advogava desde o ano anterior, em janeiro de 1967; como nossa mudança estava a caminho, ficamos hospedados no Grande Hotel, da família Fedrizzi, onde fui apresentada ao lampião de querosene e ao ferro de brasa.

A cidade tinha energia gerada por um motor, o Fernandão, entre as 14 e as 23 horas; isso quando este não “pifava” e ficávamos vários dias sem luz.

Quando visitava minha família em Londrina, me via esperando pelas duas horas da tarde para usar o ferro elétrico.

Após os bailes no Clube Social, saíamos na escuridão da rua com lanternas e éramos surpreendidos por um flash ao entrar no carro: era o Seu Joaquim, que nos fotografava nas mais inesperadas ocasiões.
As reuniões entre amigos acabavam sempre antes das 23 horas, para dar tempo de todos chegarem em casa e se prepararem para a noite (principalmente os que tinham filhos pequenos), acendendo lampiões e velas antes que a luz se apagasse.

Assim que cheguei, assumi aulas no Colégio Presidente Vargas e no Imaculada. Isso quer dizer que tinha alunos em praticamente todas as lojas e agências bancárias, com tratamento vip.

Saía de casa com um sapato e levava outro na bolsa, para trocar quando chegava ao colégio; às vezes o barro estava tão fundo que o pé afundava e, ao tirar, vinha sem sapato.

Meu marido, José Alberto Vasconcelos, foi um dos fundadores do Clube Indaiá, em junho de 1967. Como estavam pensando em dar ao clube um nome indígena, talvez Taquaruçu, sugeri Indaiá, e este foi aprovado; considero-me, portanto, madrinha de batismo deste lindo clube.

Testemunhei a chegada da energia elétrica de Urubupungá, do asfalto e do telefone interurbano.
Quando foi inaugurada a iluminação da Avenida Marcelino Pires, passamos horas percorrendo toda a sua extensão e curtindo a luz até tarde da noite.

Para fazer uma ligação interurbana, era preciso ir a Maracaju, Ponta Porã ou Campo Grande; isso depois de enfrentar estradas sem pavimentação, com poeira ou barro, e ainda aguardar um bom tempo pela ligação.

As tempestades de poeira que antecediam a chuva eram assustadoras; tínhamos que parar o carro e esperar diminuir a terra que era jogada contra o para-brisa.

De casa, não era possível enxergar o outro lado da rua.

Essas dificuldades eram encaradas com espírito esportivo, pois eram compensadas pelas happy hours no Figueira, o pôr do sol no lago do Indaiá, as serenatas com a dupla Renê (Miguel) e Teodoro (Capilé), os fins de semana nas fazendas onde comíamos arroz com guariroba e sobremesa de doces em calda acompanhados por leite cru gelado, uma delícia. As crianças tomavam banho no rego d’água, que era canalizado e atravessava as casas, fornecendo água corrente para lavar a louça e tomar banho.
Incluindo a convivência com as famílias Capilé, Miguel, Fioravanti, Martins, Cavalheiro, entre outros amigos da vida toda…

Hoje, tenho orgulho em pensar que fiz parte do desenvolvimento desta bela cidade; assim como muitos que também acreditaram no potencial de Dourados e deixaram suas famílias em outros estados para se juntarem a esta gente hospitaleira e trabalhadora.

Luiza Mello Vasconcelos

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