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sexta-feira, 26 de abril de 2024

Confira artigo de Eduardo Marcondes ‘Obesidade: uma questão de Saúde Pública’

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08/08/2014 10h06 – Atualizado em 08/08/2014 10h06

Obesidade: uma questão de Saúde Pública

Eduardo Marcondes*

A obesidade e suas graves consequências para a saúde, tema de reportagem recente de O Progresso, têm avançado de forma assustadora e epidêmica em todo o mundo. Nos Estados Unidos, por exemplo, a obesidade é atualmente considerada o maior problema de saúde pública. De acordo com as estatísticas (alarmantes, ressalte-se) 61% da população adulta têm excesso de peso e 30,4% dos americanos com mais de 20 anos são obesas, sendo que destes, 27,6% são homens e 33,2% mulheres.

Para compreender melhor o impacto socioeconômico da obesidade no mundo ocidental, são gastos 100 bilhões de dólares por ano no tratamento de problemas decorrentes da obesidade, onde 300 a 400 mil americanos falecem anualmente por doenças associadas ao sobrepeso, como infarto do miocárdio, diabetes e insuficiência renal.

Se além-mar a questão da obesidade já é tratada quase como epidemia, em nosso país não é diferente. No Brasil mais de 65 milhões de pessoas, o que corresponde a 40% da população, está com excesso de peso, enquanto 10 milhões já são considerados obesos. E os números não param de crescer, entre todas as idades e classes sociais. Entre os obesos, os pacientes graves – que exigem do Sistema Único de Saúde (SUS) maior atenção- respondem por gastos anuais de quase R$ 500 milhões. Os números são da pesquisa de “Estimativa de Custos da Obesidade para o Sistema Único de Saúde do Brasil”, do Ministério da Saúde.

O peso dos brasileiros vem aumentando nos últimos anos. Em 2009, uma em cada três criança de 5 a 9 anos estava acima do peso recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Já o déficit de altura (importante indicador de desnutrição) caiu de 29,3% (1974-75) em para 7,2% (2008-09) entre meninos e de 26,7% para 6,3% nas meninas, mas se sobressaiu no meio rural da região Norte: 16% dos meninos e 13,5% das meninas.

A parcela dos meninos e rapazes de 10 a 19 anos de idade com excesso de peso passou de 3,7% (1974-75) para 21,7% (2008-09), já entre as meninas e moças o crescimento do excesso de peso foi de 7,6% para 19,4%. Também o excesso de peso em homens adultos saltou de 18,5% para 50,1% e ultrapassou, em 2008-09, o das mulheres, que foi de 28,7% para 48%. Nesse panorama, destaca-se a Região Sul (56,8% de homens, 51,6% de mulheres), que também apresenta os maiores percentuais de obesidade: 15,9% e homens e 19,6% de mulheres.

O excesso de peso foi mais evidente nos homens com maior rendimento (61,8%) e variou pouco para as mulheres (45-49%) em todas as faixas de renda. Os resultados são da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2008-2009, realizada pelo IBGE em parceria com o Ministério da Saúde. A pesquisa também traz informações sobre as crianças com menos de cinco anos: o déficit de altura foi de 6% no país, sendo mais expressivo em meninas no primeiro ano de vida (9,4%), crianças da região Norte (8,5%) e na faixa mais baixa de rendimentos (8,2%). Dessa última pesquisa até hoje (2014), o números só evoluíram, o que demanda políticas preventivas efetivas.

Já escrevi sobre o assunto em artigos anteriores, mas nunca é demais reforçar: precisamos olhar com mais atenção para a alimentação das nossas crianças. No nosso país, a obesidade caminha lado a lado com o incremento da alimentação industrializada ou pronta, rica em açúcares, em sal e pobre em frutas e hortaliças, sendo, todavia, a obesidade, bem mais prevalente no Brasil urbano do que no rural, e entre a população com renda acima de cinco salários mínimos. A Saúde pública brasileira tem, de forma decidida e como política de governo, que enfrentar a obesidade, que limita a vida de milhares de brasileiros e causam avassalador impacto sócio econômico para nossa política de Saúde Pública.

Algumas alternativas clínicas, dietéticas, medicamentosas e cirúrgicas têm sido empregadas, para tentarmos resolver a situação do obeso, melhorando drasticamente a sua qualidade de vida, evitando as desastrosas consequências clinicas das comorbidades e, certamente, melhorando a autoestima e a inclusão social destes pacientes e toda sua complexidade.

No caso da obesidade infantil, a patologia tem sido tratada muitas vezes de forma equivocada, como dietas da moda ou planos de perda rápida de peso, logo readquiridos. Sem um tratamento adequado, acompanhado por profissionais, a obesidade infantil causa problemas de saúde como dislipidemia (alteração nas frações lipídicas do sangue, como alteração no colesterol, nas taxas de triglicerídeos, a hipertensão e suas consequências (derrame, doenças cardiovasculares e diabetes tipo 2, dentre outras), intolerância à glicose, apneia do sono, problemas ósseos variados e a tendência de manutenção da obesidade na idade adulta, efeitos sociais e psicológicos, tumores como de mama e de útero.

É fundamental a identificação precoce dos casos de obesidade, pois quanto antes iniciado o tratamento mais rápida a cura. Cuidando da alimentação das nossas crianças, não teremos adultos obesos.

*Médico Pediatra

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