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sexta-feira, 26 de abril de 2024

Em Dourados, 80% da Reserva Indígena está sem água potável

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24/10/2014 06h57 – Atualizado em 24/10/2014 06h57

Enquanto crianças passam sede, rede de água está há três anos sem manutenção por falta de material da Sesai

Valéria Araújo

Em Dourados, 80% da Reserva Indígena está desabastecida de água potável. A estimativa é de lideranças indígenas e de servidores ligados à Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), que atuam em Dourados.

Com isto, milhares de famílias enfrentam verdadeiro “calvário” para conseguir água. É o caso da caiuá Neuza Benites. Com as torneiras secas, ela precisa andar no mínimo um quilômetro para encontrar água na torneira mais próxima da casa dela, onde acha, uma vez ou outra, para preparar os alimentos. Já, para lavar roupa ela precisa percorrer a distância de cinco quilômetros, porque é a distância do córrego mais próximo. Um dos fatores preocupantes é que indígenas começam a ingerir água de córrego contaminado.

O vice capitão da aldeia Jaguapiru, Laucidio Ribeiro Flores, diz que, sem alternativa, indígenas acabam tendo contato com água que fica próxima ao cemitério indígena, contaminada com necrochorume, substância criada da decomposição de corpos e causadora de vários tipos de doença.

O cacique da aldeia jaguapiru, Vilmar Martins, diz que em alguns casos a comunidade indígena está arriscando a vida entrando em fazenda particular para conseguir água. “É o acude mais próximo e, para matar a sede das crianças, é a única alternativa”, destaca.

O cacique diz que está preocupado porque o problema de desabastecimento, que já dura três anos, ficou mais “severo” há 20 dias. “As crianças faltam na escola e os postos de saúde começam a ficar lotados. Tenho medo que, tomando água imprópria, fiquem cada vez mais doentes”.

Causas do desabastecimento

O agente de saneamento, Ivan Cleber, que reside na aldeia Jaguapiru, diz que para resolver o problema é necessário canalizar as quatro bombas d’água existentes na Reserva e ligá-las à adutora que tem uma força maior para fazer com que a água chegue as torneiras. Ele destaca ainda que uma das das bombas está danificada no aguardo da Sesai tomar providências, há anos. Ivan mostrou à reportagem o depósito vazio de produtos para a manutenção das redes de água.

“Ninguém acredita, mas hoje os remendos das canalizações são feitas com sacolinhas de plástico ou materiais que pegamos no lixo da Sanesul. Quando um cano quebra e jorra água até secar as torneiras não temos como consertar. É muito triste viver com a falta de água e muitas vezes o desperdício gerado pela má manutenção das redes”, destaca.

Ele diz que, em recente visita do coordenador da Sesai em Dourados, Ilário da Silva, ele garantiu que vai providenciar uma solução imediata para os problemas. O Douradosagora tentou contato com a Sesai, mas ninguém retornou os contatos com informações sobre o problema da falta de água.

Desperdício

Enquanto crianças passam sede, há denúncias de desperdício. De acordo com informações, há pelo menos cinco lava-rápidos de carros dentro da Reserva e que estariam contribuindo para o desabastecimento descontrolado. O Ministério Público Federal estaria investigando.

Indígenas andam quilômetros para beber águafoto - João Rocha

Jornalista Valéria Araújo entrega água para lideranças indigenasfoto - Marcos Ribeiro

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